7 de set. de 2008
Por muitos séculos, não existiram no Brasil governos próprios ou soberania sobre o território. Nessa época, tudo o que era produzido no Brasil era transferido para enriquecer os colonizadores.
Em 1822, o Brasil conquistou sua independência política. Mas logo ficou claro que nosso país continuaria a transferir suas riquezas para as grandes potências mundiais.
O Brasil não é um país independente. A economia, o Estado e o governo obedecem às decisões do imperialismo norte-americano e às multinacionais estrangeiras. Para nós, o dia da independência é um dia de luta. Por isso, não temos por que comemorar algo que não existe.
Uma das maiores provas de que não somos um país independente é o controle direto da nossa economia pelas multinacionais por meio das privatizações (como a do setor de energia e de telecomunicações no Brasil), aquisições e fusões. Basta andar pelas ruas das grandes cidades para ver centenas de anúncios de multinacionais, como Coca-Cola, McDonald’s, Volkswagen e muitos outros.
Remessas
Uma vez no país, as multinacionais mandam todo o seu lucro para o exterior. No Brasil, as remessas das multinacionais para suas matrizes chegaram a quase US$19 bilhões no semestre. Isso representa um crescimento de 94% em relação ao mesmo período do ano passado. Só nos primeiros seis meses de 2008, mais de US$17,4 bilhões saíram do país a mais do que entrou.
As remessas aumentam porque a crise econômica e financeira faz os EUA mergulharem numa recessão. Assim, os países periféricos se transformam numa bóia salva-vida para os lucros dos grandes bancos e multinacionais.
Os setores automobilístico, financeiro e metalúrgico são os que mais enviam lucros ao exterior. Sozinhos, representam quase 50% das remessas.
Sangria das dívidas
O pagamento das dívidas é outra importante forma de dominação. Se falta atendimento médico em sua cidade, o transporte público é um caos e milhares não têm onde morar, saiba que o dinheiro que deveria ser investido nessas áreas é enviado para pagar os juros a banqueiros.
O Brasil continua pagando religiosamente a dívida com o dinheiro retirado da educação, saúde e reforma agrária. Por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), amarra os municípios numa camisa-de-força: as prefeituras têm que tirar dinheiro dos serviços públicos para pagar suas dívidas.
Só no primeiro semestre deste ano, os gastos do setor público (governo federal, Estados, municípios e estatais) com os juros de suas dívidas cresceram 11,6% e chegaram a R$88,026 bilhões, o maior resultado da história. Mesmo assim, a dívida do setor público não pára de crescer. No mês passado chegou a R$1,180 trilhão.
Segundo estudo do Tesouro Nacional, as despesas com o serviço da dívida dos municípios somavam R$3,8 bilhões em 1998. Em 2006 esse valor alcançou R$5,4 bilhões. Só o município de São Paulo destina 13% do seu orçamento para o pagamento de juros da dívida.
Mesmo com a LRF e o pagamento da dívida, ela só aumentou nos últimos anos. Por isso é fundamental exigir uma avaliação da dívida pública dos municípios, parando esta sangria de recursos. Uma auditoria da dívida vai mostrar que ela é ilegítima e ilegal e que já foi paga muitas vezes.
Além da LRF, para pagar os juros da dívida o governo também se utiliza do chamado superávit primário. A meta prevista para este ano (R$63,4 bilhões) já foi cumprida nesses últimos sete meses. Quer dizer, é mais dinheiro que sai dos cofres públicos para garantir os lucros dos banqueiros.
O resultado não é só a perda da nossa soberania, mas desemprego e miséria que tomam conta das cidades do país
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