29 de abr. de 2010

O ALUNO E FILOSOFIA

Como adultos, aprendemos a aceitar as perplexidades que acompanham a nossa experiência cotidiana e a encará-las como fato, a maioria de nos não se pergunta mais por que as coisas são do jeito que são, deixamos de perguntar por que achamos que não temos tempo para isso ou porque chegamos à conclusão de que não é produtivo nem lucrativo dedicar-se e refletir sobre as coisas. Assim, deixamos de questionar e de buscar os significados das experiências tornando-nos exemplo da aceitação passiva. Devemos retomar a atitude de admirar e questionar para buscar novos significados, preservar o senso natural de deslumbramento existente nas crianças que a todo instante se depara com acontecimentos confusos e enigmáticos. Pressupor a existência do mundo exterior como base das nossas percepções constitui a primeira atitude filosófica, atitude de espanto. Espantar-se diante das coisas que significa experimentar uma descontinuidade entre elas e o foco de nossas percepções. Todos nós somos filósofos, uma vez que pensamos, indagamos, criticamos, tentamos respostas e soluções e esbarramos em dúvidas e incertezas, buscando a sabedoria e a verdade. Por sua natureza intrínseca, induzido e conduzido por razões imanentes, como a dúvida, a incerteza e o desespero, o homem não consegue eximir-se de atitudes filosóficas, ou seja, interroga-se sobre si mesmo e sobre o sentido de sua existência. Incentivar os alunos a pensarem filosoficamente não é uma tarefa fácil para os professores desempenharem. Pressupõem-se que a aprendizagem ocorra principalmente através da interação entre os alunos e seu ambiente, e que o ambiente é formado pela sala de aula, outros alunos pais a comunidade e o professor. No entanto é o professor quem, ao menos na sala de aula, pode “manipular” o ambiente a possibilidade de que a consciência filosófica do aluno cresça continuamente. O professor pode fazer surgir os temas, pode relacionar os temas com as experiências da classe, como a filosofia pode ser relevante para a vida imediata de alguém. A filosofia é vazia se reduzida a uma memorização de “quem disse o que e quando” ou “como se compara um ponto de vista filosófico com outro”, como fins em si mesmos. Somente adquire significado quando os alunos começarem a manifestar a capacidade de pensar por si mesmas e a descobrir suas próprias respostas a respeito dos assuntos importantes da sua vida. Os estudantes envolvidos em uma discussão filosófica devem sentir-se livres para defender qualquer posição que desejem a respeito de valores, sem que o professor tenha que esta de acordo com cada um dos pontos. Só quando os alunos tiverem se desenvolvido ao ponto de serem capazes de lidar objetivamente com as opiniões do professor sem serem coagidos por elas, o professor poderá contribuir com suas próprias opiniões, se os estudantes quiserem saber quais são. Ajudar o aluno a crescer significa criar desafios adequados a cada estágio. Para levar o estudante a ter prazer com as aulas de filosofia à resposta parece clara é de aguçar a curiosidade natural do jovem de sua tendência natural à globalidade, de sua inclinação de continuar perguntando até estarem satisfeitos, independentemente de sua investigação estar ou não nos limites de uma disciplina. O professor deve reforçar a motivação e o interesse para que a compreensão seja unificada e completa. A abordagem da filosofia em sala de aula deve envolver a idéia de que as perguntas e os questionamentos dos alunos são importantes. Perguntar sobre juventude, meio ambiente, como começou o mundo? o que acontece com as pessoas quando elas morrem? Significa levantar temas de importância metafísica, portanto a filosofia faz parte da vida cotidiana das pessoas que procuram formular conceitos que efevetivamente representam aspectos das suas experiências pessoais. Os alunos respeitarão o professor que leva a sério as suas perguntas, mesmo que isso signifique apenas responder a uma pergunta com outra pergunta. João Filho é graduado em história com especialização em metodologias do ens. de filosofia pela faculdade Gama Filho. Bibliografia: Cunha, José Auri: Iniciação à investigação filosófica- São Paulo: Atual, 1992 Matthew Lipman, Ann Margaret Sharp, Frederick S. Oscanyan: tradução Ana Luiza F. Falcone. A filosofia em sala de aula. Chaui, Marilena: Filosofia/ série novo ensino médio Saõ Paulo: Ed. Atica, 2001

11 de abr. de 2010

O QUE PODE MUDAR?

Serão 175 dias até 3 de outubro. A partir desta semana, os ?principais? candidatos à Presidência ampliam as participações em eventos e viagens, tentando seduzir 132.629.575 eleitores. Polarizados nas pesquisas, José Serra e Dilma Rousseff apostam na imagem de bons gestores e prometem a manutenção da estabilidade econômica. Por trás dos discursos, constroem uma teia de arranjos políticos por vezes incoerentes.

4 de abr. de 2010

O DESCRÉDITO DAS INSTITUIÇÕES

É difícil saber o que tem sido mais danoso ao povo brasileiro: se é o modelo econômico real gerador da desigualdade, que patrocina uma elite privilegiada e deixa a grande maioria distante da riqueza produzida, ou se é o contínuo descrédito moral e político das instituições públicas que deveriam promover o bem estar geral da Nação.

A sucessão de desmandos e escândalos alimenta a descrença generalizada nos partidos políticos, nos governos, nos homens públicos e no papel do Estado como instância e instrumento capaz de enfrentar e resolver os problemas da sociedade. A desmoralização dessas instituições sustenta a apatia coletiva, a baixa estima popular, a desa-gregação social e a individualização das soluções. Cada vez que um Sarney da vida tem as suas falcatruas escancaradas, massivamente sensa-cionalizadas pela mídia, reforça-se no seio da so-ciedade brasileira que as instituições só servem mesmo para os interesses da bandidagem; reitera-se a incapacidade das próprias instituições em sanar os esquemas de corrupção; reafirma-se a convicção de que a podridão contamina todos aqueles que se aproximam das instituições públicas. O escândalo Sarney expressa exatamente a dose de descrédito que os donos do capital e defen-sores da supremacia dos mercados, precisam aplicar de tempos em tempos no povo para reforçar, de um lado, a inviabilidade das insti-tuições públicas como instrumentos de transfor-mação, e, de outro, o sentimento popular de re-jeição, asco e apatia diante da estrutura estatal.

empreguismo de parentes e apaniguados. Nada disso é novidade, José Sarney já deveria ter sido varrido da vida pública há muitos anos.

A novidade está no fato de que o velho oligarca está sendo rifado pela sua turma da direita, pelos partidos conservadores que são porta vozes das elites e do capital privado, pela mídia neoliberal; e a novidade está no fato de que o velho oligarca tem sido defendido e preservado pelo presidente Lula e por setores do próprio PT, por pessoas cujas trajetórias políticas foram construídas no campo democrático e progressista. Portanto, não é a ficha corrida de Sarney que está no momento realimentando a descrença do povo nas instituições públicas; é a posição de Lula e dos parlamentares do PT que causam surpresa, espanto, indignação e, de novo, mais desânimo diante dos partidos, do Congresso Nacional, dos governos e do papel do Estado. A podridão de Sarney contamina um pouco mais a expectativa popular de que as instituições repu-blicanas possam ser instrumentos de trans-formação. As forças conservadoras do sistema sabem muito bem que podem pagar o preço de perder o seu velho aliado oligarca, desde que a contaminação dos setores progressistas atinja diretamente a auto estima do povo. Para elas, um povo desanimado, descrente, apático, é muito mais fácil de ser controlado. Uma forma de romper esse círculo vicioso da dominação de classe é o povo trabalhador cons-truir instrumentos de luta que não se confundam jamais com os interesses das forças dominantes. Caso contrário, vamos continuar no show nosso de cada dia...

Hamilton Octavio de Souza

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