31 de out. de 2008

Já se foi o tempo em que os chamados “países emergentes” eram considerados o bote salva-vidas da economia global. No início da crise financeira, analistas tentavam acalmar os mercados afirmando que o crescimento dos países do “Bric” (Brasil, Rússia, Índia e China) compensariam a desaceleração da economia norte-americana e evitariam uma recessão mundial. Com o aprofundamento da turbulência financeira, tal tese foi caindo por si só no descrédito. Hoje, é unânime que a crise vai afetar todo o planeta e que os “países emergentes”, até mesmo a poderosa China, é extensão da economia imperialista. No Brasil, o governo Lula negou que as conseqüências da crise chegariam ao país até onde pôde. “Que crise? Pergunte ao Bush”, chegou a esnobar a jornalistas dias antes do pânico generalizado que tomou conta dos mercados. Para o governo, as reservas internacionais e a expansão do mercado interno blindariam o Brasil. Até o agravamento da crise, a orientação interna era para que se preservassem as aparências. O crescimento econômico do último período ajudava a sustentar esse discurso. Em plena “segunda-feira negra”, dia 29 de setembro, o dia em que os mercados do mundo inteiro tiveram uma queda histórica devido à rejeição ao plano de Bush no congresso norte-americano, o ministro da Fazenda Guido Mantega chegou a declarar que estava “tudo normal”. As conseqüências da crise, no entanto, forçaram o governo a baixar os pés à terra e mudar o discurso. Nesse último dia 30, Lula chegou a declarar que “a crise é muito séria e tão profunda que nós ainda não sabemos o tamanho”. A segurança abandonou definitivamente a fala do presidente. “Poderemos correr riscos, porque uma recessão em caráter mundial pode trazer prejuízos para todos nós”, afirmou. Ainda que insista na tese dos “fundamentos sólidos da economia brasileira”, Lula já não é capaz de negar que o Brasil sentirá os efeitos da crise. O governo sabe muito bem que o país será atingido fortemente. Matéria desse dia 1º de outubro no jornal carioca O Globo afirma que o governo já prepara, internamente, medidas como a redução da previsão de receitas, corte adicional de despesas e o aumento do superávit primário (economia do governo para pagar os juros da dívida pública). Ao mesmo tempo, o governo estuda medidas para suprir crédito a setores como as indústrias e os exportadores, tentando amenizar a escassez de crédito internacional. Lula e o governo sabem que a crise atingirá o país. E já escolheram quem vai pagar por ela.

27 de out. de 2008

Okupar é resistir Originário da contra-cultura dos anos 60, o movimento squatter ganhou o mundo com seus ideais de solidariedade e afronta aos valores do sistema capitalista. Adriano Belisário Em toda grande cidade, o abandono de imóveis contrasta com a massa de desalojados. Enquanto sem-tetos buscam abrigo pelas ruas, proprietários mantêm suas posses vazias com a esperança de vendê-las no futuro por um preço vantajoso. Geralmente ignorada pelo poder público, a especulação imobiliária não passa desapercebida pelos squatters. Nascido na contra-cultura européia dos anos 60, este movimento ocupa espaços urbanos ociosos para neles construir verdadeiros centros de resistência cultural. Formado basicamente por anarquistas, punks, hippies e comunistas, o movimento squatter luta contra aquilo que os pesquisadores chamam de gentrificação. Trata-se de um processo de enobrecimento dos espaços urbanos, que ocorre principalmente em pontos centrais das cidades. A gentrificação ocasiona a remoção dos moradores de áreas consideradas degradadas em prol da recuperação econômica do local. Por sua vez, os squatters promovem outro tipo de revitalização. Após limpar o prédio abandonado, eles instalam serviços básicos, através de “puxadinhos” de água, luz e gás. No entanto, a ocupação só é completa quando o local passa a ser sede de atividades culturais, como a instalação de bibliotecas, mostras de teatro e poesia e rádios clandestinas. Eis, então, um autêntico squat. A legalidade de seu funcionamento varia de acordo com a legislação do país. Enquanto em muitas regiões a prática é considerada ilegal, na Holanda, por exemplo, prédios abandonados por longos períodos podem ser ocupados sem problemas judiciais. Os squatters também são conhecidos como okupas. Entre eles, o termo "ocupação" é grafado com K para diferenciar suas intervenções das outras, marcando o caráter políticos de seus atos. A letra remete ainda à cultura punk, que, ao lado do anarquismo, forneceu as diretrizes básicas do movimento squatter. As ocupações são feitas em regime de autogestão, sem chefes ou líderes. Para os squatters, a construção de um espaço alternativo baseado em princípios de solidariedade e respeito mútuo é uma forma de resistir ao pensamento capitalista, centrado nas noções de propriedade privada e na massificação cultural. Para quem acredita que anarquia é sinônimo de bagunça, não faltam exemplos de organização squatter para provar o contrário. Em Londres, ficou famoso o caso do Squat 121 Center, que após 18 anos de existência foi desativado em 1999. Nele, entre outras atividades, os okupas realizavam ações de amparo à população pobre da cidade. Em relato à Revista Dynamite, Kuru, brasileiro ex-membro do squat inglês, afirma que o grupo era formado em grande maioria por revolucionários e pessoas ligadas à causa ecológica. “A gente ia aos lixos atrás dos supermercados e feiras. Pegávamos tudo o que eles não queriam mais. Era muita comida. Às vezes cozinhávamos para quase 100 pessoas”,

24 de out. de 2008

A CRISE MUNDIAL

Primeiro, vamos lembrar a crise imobiliária nos Estados Unidos, causada por milhões de pessoas que tomaram empréstimos para construção de casas populares, chamadas sub-prime, e em seguida não tiveram dinheiro para pagar. O “rombo” foi passando de bancos menores para bancos maiores. Os maiores compravam os programas imobiliários dos bancos menores, puxando para si a responsabilidade pelo recebimento das dívidas, ou pelo possível calote dos devedores. Nos últimos anos, com a alta dos preços de imóveis nos Estados Unidos e a alta liquidez (dinheiro disponível para empréstimos) no mercado internacional, os bancos e financeiras norte-americanos começaram a emprestar mais dinheiro para que pessoas com histórico de crédito considerado ruim comprassem casas. Antes, só tinham acesso a essas hipotecas credores com bom histórico de pagamento de empréstimos e renda comprovada, Além das hipotecas terem risco maior devido ao perfil dos tomadores de crédito, muitos dos quais já em serviços de proteção de crédito, os bancos também passaram a fazer empréstimos não-tradicionais, com juros mais baixos nos primeiros anos do contrato (depois reajustados para taxas mais altas) e prestações iniciais só com o pagamento dos juros. Ai comeca a quebradeira de grandes e tradicionais bancos de investimentos dos Estados Unidos que provocou quedas históricas nas ações negociadas nas bolsas em todo o planeta. O governo norte-americano interveio fortemente nos mercados para salvar banqueiros e investidores. Já não há qualquer dúvida de que a crise internacional afetará seriamente o Brasil. Também já não restam dúvidas sobre de qual o lado estará o governo numa conjuntura de aprofundamento dessa crise.Nesse dia 22 de outubro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciaram um conjunto de medidas emergenciais tomadas pelo governo para conter a crise,o governo na prática editou um verdadeiro pacote de ajuda financeira aos bancos em dificuldades e empresas. O principal ponto do pacote está na Medida Provisória 443. Ela permite que os principais bancos estatais, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprem ações de instituições em dificuldades, medida similar à adotada recentemente pelo governo britânico para salvar os bancos da Inglaterra. A MP possibilita ao governo comprar participações de instituições como empresas de seguros, previdência e capitalização, possibilidade antes restrita a bancos privados. No anúncio do pacote, Mantega se esforçou em afirmar que nenhum banco brasileiro está quebrando. As medidas seriam, desta forma, uma maneira de resguardar os bancos no caso de um aprofundamento da crise internacional. Na prática o pacote dá o poder ao governo de transferir recursos públicos para garantir a sobrevivência e os lucros dos bancos. Longe de ser uma estatização do sistema financeiro, a medida se assemelha mais a um Proer do governo FHC, o programa de ajuda aos bancos implementado de 1995 a 1997. O Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro foi adotado para salvar os bancos que tinham na inflação sua principal fonte de lucros. Só para se ter uma idéia, o total do programa de FHC custou R$20 bilhões. Valor inferior aos R$ 160 bilhões liberados recentemente pelo governo Lula ao sistema financeiro. A crise joga por terra o lixo que tomou conta do pensamento econômico e político nos últimos trinta anos, a ideologia neoliberal, que o Estado deve intervir menos na economia mas isso muda quando chega a hora de salvar grandes empresas privadas o estado sempre ajudou os grandes empresários a concentrar capital e escapar das crises. Poderia ser uma nova perspectiva de vida para os oprimidos de todo o mundo mas é claro que os defensores do capitalismo vão tratar de reformá-lo para que siga dando as cartas afinal, será preciso que as pessoas voltem a acreditar na suposta força do mercado. Agora é hora de retomar o debate socialismo x capitalismo. A “vitória definitiva do capitalismo” está caindo ao chão, junto com os índices das bolsas de todo o mundo. João Filho Professor da Rede Pública de São Paulo e pos graduando em estudo de filosofia e sociologia (Ftc Ead).

15 de out. de 2008

A ELEIÇÃO

No capitalismo a concorrência engendra um duro enfrentamento entre as diferentes facções burguesas. A democracia burguesa permite que esses enfrentamentos sejam resolvidos no campo político e não através de guerras civis. Estas ficariam reservadas à luta contra ao proletariado. Na última eleição (1º turno)a prova inconteste do poder económico em reproduzir suas vontades com a votação de Gilberto Cassab e porque não dizer também Marta Suplicy (já que o PT traiu o grande sonho do povo e hoje é financiado pelos grandes grupos financeiros). A sociedade burguesa é marcada pela luta de classes e por isto faz emergir uma instituição que busca reproduzir as relações de produção dominantes – capitalistas – e isto significa reproduzir a própria luta de classes entre burguesia e proletariado. Isto parece contraditório mas não é, pois reproduzir as lutas de classes significa reproduzir as classes sociais existentes e suas relações e é de interesse da classe dominante realizar esta reprodução. Em outras palavras, reproduzir a sociedade capitalista significa reproduzir a luta de classes e vice-versa e realizar a reprodução da sociedade existente é do interesse da classe dominante. A classe capitalista busca reproduzir as relações de produção capitalistas e para isso utiliza as instituições burguesas, onde se destaca o estado capitalista e a democracia burguesa. Pasmen é dificil ver pessoas sem nenhuma identificação com o processo popular recebendo expressiva votação para cargos legislativo alguns usando siglas partidárias históricas. (Estreantes na Câmara Municipal de São Paulo, Gabriel Chalita (PSDB) e Netinho de Paula (PC do B) admitem a possibilidade de abrirem mão do mandato de vereador em função de outros objetivos políticos. Enquanto o apresentador de TV já pensa em se candidatar ao Senado em 2010, o ?ex-secretário de Educação? de Geraldo Alckmin não descarta trabalhar no próximo Executivo paulistano, caso haja convite. "Não digo que recusaria [um convite], a não ser que o partido resolvesse ocupar, se fosse um pedido partidário. Mas preferiria ficar na Câmara", disse à Folha. Líder com 102.048 votos, Chalita teve a candidatura formalizada na última hora. "Não seria candidato. Só fui por insistência do Alckmin", disse. Netinho de Paula, terceiro colocado com 84.406 votos, acha que "vereador não tem muita força para fazer" e, por isso, mira nas eleições em 2010. "Para as pretensões que tenho, que é de Senado, vou ter que fazer o máximo agora). Na sua origem, o voto foi uma prerrogativa dos “cidadãos” que possuíam propriedades e comprovavam uma determinada renda. Aos poucos, a burguesia foi obrigada a ceder o sufrágio universal, pressionada por grandes mobilizações, na Inglaterra no final do século XIX, e no Brasil, somente na década de 30. Seria um erro, entretanto, não reconhecer que a burguesia só estendeu o voto ao proletariado quando já tinha instrumentos políticos para controlá-lo. Em pleno século XXI os grandes exploradores apenas refazem e recriam as suas formas de manutenção no poder para manter o status quo,enquanto a miséria do povo só aumenta o "NOVO ESTADO" doa trilhões de dólares aos banqueiro irresponsáveis do mundo inteiro. João Filho. Pós Graduando em metodologia do ensino de filosofia e sociologia (FTC EAD)e professor da rede estadual de São Paulo(Escola Estadual Etelvina de Goes Marcucci).

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