21 de fev. de 2009

ENQUANTO ISSO...

Estudo mostra que 50,3% da população do Maranhão não têm acesso à água encanada. A pobreza tem sotaque, raça e gênero, revela o "Mapa da Exclusão Social no Brasil: radiografia de um país assimetricamente pobre, o Maranhão é o estado brasileiro com o maior percentual de excluídos (50,3%). Significa que mais da metade da população maranhense mora em domicílios que não têm acesso à água encanada, esgotamento sanitário ou mesmo fossa séptica, sem coleta seletiva de lixo, a maior parte com 10 anos é analfabeta e pessoas com renda que vai de zero a dois salários mínimos. De acordo com estudos, dos 10 municípios brasileiros com o maior IES, seis são maranhenses: Fernando Falcão (79,20%), Belágua (77,45%), Santana do Maranhão (76,53%), Brejo de Areia (75,25%), Lagoa Grande do Maranhão (74,47%) e Marajá do Sena (74,15%). Os outros quatro são Marani (PE), o terceiro colocado no ranking nacional, com 78,42%; Itamarati (AM), que ocupa a quinta colocação com 76,18%; seguido de Salitre (CE), com 75,72% e Guaribas (PI), na oitava posição com 74,93%. A menor renda média do chefe da família é de Cantanhede (MA), a distante 176 quilômetros de São Luís. Enquanto isso o Maranhão, tem sido governado sistematicamente por estruturas oligárquicas que, com o apoio do poder central, vêm mantendo a região em uma situação de atraso, de dependência e de curral eleitoral. Os últimos 60 anos de vida política no Maranhão foram marcados por duas dinastias, a de Vitorino Freire, que de 1945 a 1965 desenvolveu relações patrimonialistas, e a de José Sarney – filho político do vitorinismo, mais tarde rompido com sua origem –, que de 1966 aos dias de hoje exerce o mandonismo local. A oligarquia sarneysista se escuda em duas estratégias fundamentais para exercer sua hegemonia, quais sejam, no apoio do poder central e nas relações patrimonialistas no próprio Estado do Maranhão. José Sarney é conhecido popularmente pelo apelido de camaleão, aquele que muda de partido de acordo com as conveniências. Nascido e criado dentro da oligarquia vitorinista, contra ela se rebelou, fundando seu grupo de poder dinástico; dado o golpe de Estado de 1964, tornou-se parte integrante de apoio às Forças Armadas, chegando a ser presidente nacional do partido político de sustentação da ditadura militar; acontecida a redemocratização, tornou-se presidente do país por conta da morte de Tancredo Neves, estendendo seu mandato para cinco anos por meio de uma emenda constitucional com votos negociados; escolhido Fernando Henrique Cardoso presidente da República, dele se aproximou, ao ponto de FHC apoiar entusiasticamente a candidatura de Roseana Sarney Murad ao governo do Maranhão por duas vezes; eleito Lula presidente, Sarney tornou-se senador pelo Amapá, Estado que não é o seu, e ao mesmo tempo fez senadora pelo Maranhão sua filha Roseana, sendo ambos apoiadores do governo federal, chegando ela a ser líder do mesmo na Câmara Alta. Além disso, cabe lembrar que entre 1970 e 2004, exceção feita apenas por Oswaldo da Costa Nunes Freire (1974-1979), Sarney foi o gestor de todos os governadores maranhenses. Por outro lado, a oligarquia sarneysista não aposta em um desenvolvimento autônomo no Maranhão, já que ele significaria o seu próprio fim. Nas principais cidades do estado, com um pouco mais de independência econômica e política, os candidatos da oligarquia vêm perdendo, sucessivamente, as eleições. São Luís e Imperatriz são dois exemplos típicos Já Gonçalves aponta em seu livro, como principal estratégia de manutenção e de reprodução das práticas de poder dinástico, a distribuição de cargos e postos entre os parentes consanguíneos, os parentes por alianças, os parentes por afinidades e o compadrio nas mais variadas instituições do estado do Maranhão. José Sarney estabeleceu uma prática privada de exercício político, como também constituiu uma rede de parentesco social ampliado. Para tanto domina os setores da política, da economia, do judiciário, da cultura e das comunicações. Basta ver os nomes dados às obras públicas, tais como a Vila D. Kiola (mãe de José Sarney), Maternidade Marly Sarney (esposa de José Sarney), Creche Rafaela Sarney Murad (neta de José Sarney), Passarela do Samba Roseana Sarney Murad (filha de José Sarney) e o próprio Sarney, que nomeia município, ponte, fórum, escolas e outros. No entanto, o que mais chama a atenção, não pela grandiosidade e sim pela promiscuidade, é o fato de o Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, órgão responsável pela fiscalização das contas do governo, ser chamado de Palácio Governadora Roseana Sarney Murad. Além de José Sarney se reproduzir nas placas de bronze das obras públicas, se apropriou do Convento das Mercês, obra construída no século 17 no qual pregou o Pe. Antônio Vieira, transformando-o em museu particular. Chegou a fazer em um dos pátios internos, debaixo de uma mangueira, um mausoléu, como bom faraó que é, para empalhar seus restos e os de dona Marly. Pegou da União uma ilha – a Curupu –, fazendo-a propriedade privada, onde construiu uma de suas tantas mansões, não permitindo que os pescadores se aproximem dela. Dragas do estado do Maranhão aumentaram a profundidade do “Dono do Mar” para que barcos com maior calado lá chegassem sem problemas. Amante das letras e conhecedor da história, não teve nenhum problema em retirar pedras retangulares (cantaria) das ruas de São Luís, transportadas pelas caravelas portuguesas nos séculos 16 e 17 para dar estabilidade na travessia do Atlântico, calçando suas quintas privadas. É o público e o privado completamente perpassados. Às vezes o caciquismo sarneysista chega a um estágio tragicômico, como a estratégia atípica adotada para impedir que o irmão do ex-marido de Roseana Sarney Murad – Ricardo Murad – se candidatasse ao governo do Estado, já que concorreria contra ela. Como Roseana estava separada judicialmente de Jorge Francisco Murad, irmão do possível candidato a governador, Ricardo Murad, ela se casou novamente com o ex-marido, impedindo, assim, a candidatura do agora já cunhado. Ao analisar o poder dinástico no Maranhão, faltou em A Invenção de uma Rainha de Espada mostrar o enriquecimento material da família Sarney; a rápida expansão do Sistema Mirante de Comunicação, uma repetidora da Rede Globo; o crescimento do patrimônio de alguns filhos políticos ilustres da dinastia, conhecidos nacionalmente, como Édison Lobão e Epitácio Cafeteira. Este último, depois de passar do status de aliado a adversário político, retornou à casa do pai em 2005, e esteve envolvido na “Operação Granville”, o até agora não explicado transporte de Cr$ 170 milhões de seu apartamento, em São Luís, para o Rio de Janeiro, em 1990. A Nova Balaiada – A resistência à oligarquia sarneysista começa a buscar força na história do Maranhão, como no caso da Balaiada (1838-1841), uma revolução acontecida não apenas no interior do Estado, mas em toda a região, que apresentava um caráter de classe bem definido, com trabalhadores escravos, índios explorados e os trabalhadores livres empobrecidos (com o apoio pontual, mais tarde retirado, de um grupo de liberais chamados de Bem-te-vis, que no fundamental respondiam aos interesses da pequena burguesia urbana) lutando contra fazendeiros criollos e grandes comerciantes portugueses que procuravam repassar os custos da crise econômica para as classes debaixo, já que o algodão, principal produto de exportação, sofria forte concorrência do sul dos Estados Unidos. Embora os documentos oficiais do império procurassem descaracterizar o conflito de classes, apresentando-o tão-somente como “rebelião de facínoras” ou “hordas devastadoras”, teve, em determinado momento, que reconhecer que se tratava pelo menos de uma “guerra civil” ou de uma “crua guerra intestina”. A história oficial não conseguiu tirar do imaginário coletivo do povo maranhense esta luta de pobres contra ricos de meados do século 19. Ocorre que o grupo dinástico de José Sarney, concorrendo mais uma vez ao Executivo estadual em 2006, com apoio declarado do presidente da República, amargou uma dura derrota no segundo turno para Jackson Lago, antigo político oposicionista, ex-prefeito de São Luís e já vencido em outras tentativas de se tornar governador. A derrotada foi nada menos que a guerreira, a Rainha de Espada, ou seja, Roseana Sarney. Desde então, o Maranhão dinástico se levantou e, lançando mão de todos os recursos e subterfúgios jurídicos, está tentando caçar o governo Lago. Diante da iminência da perda de seu mandato, já que o processo caminhou de forma rapidíssima nos tribunais, movimentos populares, sindicatos e partidos políticos de esquerda se reuniram diuturnamente – em meados de dezembro de 2008 – em frente ao Palácio dos Leões, em São Luís, para acompanhar, em um telão, o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral. Igualmente, por todo o Maranhão, espalharam-se outdoors acusando a possível cassação de mais um golpe sarneysista. A toda esta movimentação denominou-se de Nova Balaiada, em alusão à luta de classes do século 19. A história, que sempre fora ocultada pela oficialidade, passara a ser utilizada mais uma vez como mecanismo de resistência pelos movimentos populares. Na verdade, as oligarquias regionais começam a ser golpeadas pelo aumento da luta política e pela conscientização dos grupos organizados. Os movimentos populares, o sindicalismo independente, os partidos políticos comprometidos com as mudanças estruturais, as pesquisas feitas nas universidades com compromissos políticos – como o livro ora comentado – têm contribuído no enfraquecimento dos grupos dinásticos. No entanto, um papel relevante caberia também, ao governo central (Brasília), que poderia ajudar a asfixiar de vez estas estruturas arcaicas de poder. A crise das oligarquias liga-se fundamentalmente à crise do Estado. Terá o presidente Lula interesse em acabar com a oligarquia sarneysista no pobre estado do Maranhão? Os fatos, infelizmente, mostram o contrário. Tampouco a vitória de Jackson Lago aponta diretamente para a superação da mesma. Caberá tão-somente aos maranhenses esse duro embate. Ou seja, Outra Balaida na Ilha da Rebeldia. Fonte: Waldir José Rampinelli - no site do MST. A invenção de uma rainha de espada. Postado por: João Pereira da Rocha Filho-Professor de história da rede pública de São Paulo e pos graduando em metodologia do ensino de filosofia.

18 de fev. de 2009

A Ideologia e os Aparelhos Ideológicos de Estado

A Ideologia compreende a Ideologia em geral nos seguintes termos: i) a Ideologia não tem uma história própria, pois não passa de devaneio consciente, produto arbitrário de uma imaginação desordenadamente a-histórica, e como o inconsciente para Freud, “tem uma estrutura e um funcionamento tais que fazem dela uma realidade não-histórica, isto é, omni-histórica, no sentido em que esta estrutura e este funcionamento se apresentam da mesma forma imutável em toda a história”; ii) as ideologias “têm uma existência material”, ou seja, são formadas por aquelas práticas sociais necessárias para a reprodução das relações sociais de produção; iii) as ideologias operam sobre e dentro dos indivíduos através de e como mecanismos ideológicos de sujeição, transformando “os indivíduos em sujeitos”; iv) a função geral desses mecanismos é a de sujeitar os indivíduos às exigências da produção social e de suas relações conseqüentes, fazendo-os crer na naturalidade da existência dessas relações, bem como na naturalidade dos indivíduos ocuparem nessas relações o lugar que ocupam / devem ocupar: “os indivíduos são sempre/já sujeitos”. A Ideologia é, em verdade, uma estrutura básica, uma engrenagem que determina as diversas manifestações ideológicas: seus mecanismos sujeitam os indivíduos fazendo-os reconhecerem-se enquanto sujeitos sociais de uma concretude falsa e naturalmente sujeitados por ideais abstratos, mas tidos como ‘reais’ e absolutos. Essa sujeição não se dá apenas no nível das idéias (do conhecimento, do pensar), mas tem existência real nas práticas sociais e nas instituições: são os Aparelhos Ideológicos de Estado – os AIE’s.II. Os Aparelhos Ideológicos de EstadoPara Althusser o Estado em geral é composto pelo governo, a administração, o exército (i. é, as forças militares), a polícia, o sistema penal, o sistema judiciário, etc, e que formam o seu conjunto de mecanismos repressivos, vale dizer, aquele aparato que pode e deve usar da força moral, psicológica ou física para reprimir resistências ou oposições, quando necessário ou “ao menos em situações limites”: é o Aparelho Repressivo de Estado. Já os AIE’s são aqueles aparelhos que, “...sob a forma de instituições distintas e especializadas”, e sem se apresentarem como públicos mas, antes, como privados ou ‘civis’, complementam necessariamente o sistema estatal de dominação, através da Ideologia. Althusser nos dá um rol intuitivo, parcial e provisório dos AIE’s: jurídico, familiar, político, religioso, sindical, de informação, cultural, e... escolar. Se o corpo repressivo do Estado tem por função coagir os indivíduos a aceitar e participar da dominação social de uma ‘aliança de classes’ sobre as demais classes sociais, os AIE’s têm a função ativa da “reprodução das relações de produção”, que devem ser cridas em sua ‘naturalidade’, já o vimos. E a reprodução das relações sociais deve se dar não somente no nível da produção material, mas também no nível da (re)produção ideológica. Como “os indivíduos são sempre/já sujeitos” – mesmo antes de nascer, o lugar do futuro indivíduo/sujeito já está reservado no AIE familiar –, eles ocupam seu lugar definido na produção e, enquanto sujeitos, “caminham por si”. Pois o sujeito, submetido ao Sujeito, realiza a Sua vontade abstrata ao realizar a sua vontade ‘concreta’. É aí que reside o componente positivo (não em juízo de valor, mas no sentido afirmativo, propositivo) – que tem realidade material nos AIE’s – da dominação: o sujeito não é reprimido pela sujeição, pelo contrário, é criado por ela; a peça da engrenagem é abandonada à sua própria vontade, adquirindo autonomia, e isso não causa nenhum prejuízo ao funcionamento da máquina – se a peça não estiver defeituosa – uma vez que essa vontade é já determinada pelo próprio mecanismo da engrenagem. E se alguma peça apresenta defeito, o ‘controle de qualidade’ do sistema (o ARE) toma as providências repressivas necessárias: correção, isolamento ou eliminação.

3 de fev. de 2009

O conflito israelense-palestino

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O conflito israelense-palestino é um dos mais complexos do cenário internacional e a principal chave da instabilidade da região do Oriente Médio. O território conhecido como Palestina é motivo de uma disputa há mais de um século, sendo que a criação do Estado Sionista de Israel em 1948, ampliou esse conflito, abortando o nascimento do Estado Árabe Palestino. Neste conflito se combinam diversos elementos. Tudo começou como uma disputa pelo território entre dois movimentos nacionais com diferentes projetos, provocando a intromissão das potências durante a Guerra Fria, e com o tempo envolveu outros atores regionais, ocasionando conflitos bélicos, tornando-se cada vez mais complicado, ao mesclar elementos ideológicos, religiosos e a disputa pelos escassos recursos naturais da região. Com o passar dos anos, o enfrentamento entre essas duas forças desiguais - O Estado sionista de Israel e um movimento de libertação nacional, encarnado pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) – se intensificaram. Esta desigualdade permitiu que Israel ocupasse o território que serviria de base para a formação do Estado Palestino, mantendo sob o controle militar a população palestina árabe e revogando seus direitos fundamentais. A ocupação de Gaza e da Cisjordânia valeu a Israel uma condenação por parte da comunidade internacional, ainda que essa tenha sido bastante tímida. Os inícios dos conflitos remontam ao período colonial e ao surgimento dos movimentos nacionalistas na Europa e no Oriente Médio. No final do século XIX, nas provincias árabes do império Otomano, foram se desenvolvendo movimentos revolucionários nacionalistas que reivindicavam a autodeterminação da população, fazendo valer sua identidade árabe. Na Europa, já na fase de decadência do imperialismo e sob o calor do nacionalismo, foi articulado um movimento singular; o Sionismo. Esse movimento propunha a criação de uma entidade estatal para os judeus dispersos pelo mundo. O sionismo via na Palestina, terra onde foi fundado o judaísmo, o lugar ideal para realizar seu projeto nacional. Desde princípios do século XX, este movimento proporcionava a instalação de judeus vindos da Europa nesse território. Esta imigração tomou envergadura sob o mandato britânico, entre 1920 e 1948. Esse sistema foi estabelecido pela Sociedade das Nações que concedeu aos países vitoriosos da primeira guerra o controle das colônias dos países derrotados, sob a justificativa de preparar sua “independência”. No entanto, outras províncias otomanas da região foram alcançando paulatinamente sua independência, a disputa palestina seguiu sob o controle colonial, os dois projetos nacionais, o árabe palestino e o sionista, se chocaram quando a comunidade judaica intensificou imigração, criando instituições autônomas e desenvolvendo práticas excludentes e discriminatórias sobre os povos árabes. Pouco a pouco foi crescendo uma espiral de violência entre árabes e sionistas (entre 1936 e 1939 ocorreram importantes revoltas árabes revolucionárias, contra a ocupação britânica e contra os movimentos terroristas sionistas). Depois da segunda Guerra Mundial e diante da iminente retirada britânica, as Nações Unidas (ONU) adotaram a resolução 181 (novembro de 1947) criando dois Estados. Essa medida entregava aos sionistas 56,47% do território da região, e somente 47,53% para o Estado Árabe Palestino. Este plano foi rechaçado pelos árabes, pois aos seus olhos tal plano legalizava os planos coloniais pretendidos pelos sionistas. Em maio de 1948, a comunidade judaica fez uma declaração unilateral de independência do Estado Sionista de Israel. A atitude desencadeou a intervenção militar dos Estados Árabes vizinhos em apoio aos palestinos. Os exércitos árabes em poucas horas estavam tomando o controle de grande parte do território palestino, o exército iraquiano chegou até Tel Aviv. Entretanto, essa oportunidade histórica de derrotar o estado sionista foi perdida porque países árabes que participaram da guerra (Jordânia, Egito e Síria) aceitaram uma proposta de trégua e a intervenção da ONU na região. O único país árabe a recusar esse acordo foi o Líbano que continuou com seus exércitos combatendo na frente norte da Palestina. Em três semanas o recém estado Sionista, começou a trazer dos países capitalistas europeus mais armamentos e aviões militares e iniciou o treinamento de pilotos na Europa, que ofereceu todo o seu apoio ao estado Sionista. Israel ainda ganhou apoio e simpatia oferecida pelo ditador soviético Stálin. Isso não levou apenas a saída dos exércitos árabes, mas provocou também a saída de grande parte da população palestina que abandonavam seus territórios, ampliado a extensão do território israelense muito mais do que o previsto em seu plano inicial. Israel se aproveitou ainda da desarticulação da sociedade palestina provocada pelo êxodo da guerra. Os movimentos terroristas nazi-sionistas cometeram massacres, roubos, contra o povo palestino. Depois da intervenção da ONU, legitimando a ocupação sionista, os territórios de Gaza e Cisjordânia ficaram sob o controle de Egito e da Jordânia, e Jerusalém foi dividida, o que frustrou o sonho de criação de um Estado árabe palestino. O novo Estado Sionista de Israel se alinhou prontamente com as potencias européias frente ao nacionalismo árabe (Guerra pela nacionalização do Canal de Suez em 1956), ganhando apoio político, econômico e militar. Quando Israel avaliou que estava mais fortalecido do que nunca, um novo capitulo dessa trágica história foi aberto. Em 1967, Israel, por motivos de segurança nacional, e pela necessidade de controlar recursos naturais como o controle da água, desencadeia uma ofensiva militar ocupando as colinas de Golan na Síria, a península do Sinai egípcio e os territórios palestinos em Gaza e na Cisjordânia controlando definitivamente da totalidade do território palestino. Por Darwich Al Mahdy, da direção da União da Juventude Árabe para América Latina (UJAAL)-Bolívia Desde essa data então, a Cisjordânia e a faixa de Gaza, se tornam partes do território palestino, sob ocupação militar israelense. Este regime impôs um estado de exceção permanente, a perseguição de todos os nacionalistas palestinos, apropriação de seus recursos naturais (terras e água), a gradual expropriação de terras para instalação de colonos judeus em (1997 foram instalados mais de 150 mil colonos na faixa de Gaza e na Cisjordânia e outros 170 mil em Jerusalém), enfim a total subordinação da economia palestina ao estado de Israel. Durante as primeiras décadas, Israel se consolidou como Estado e promoveu a instalação massiva de judeus na região. Dispersos entre vários países e divididos internamente a atuação dos palestinos foi limitada a alguns enfrentamentos pouco eficazes contra Israel. Mas a partir de 1964 começou a crescer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A oposição palestina foi se reorganizando no exterior. Durante os anos 1970 y 1980, a OLP recompôs o tecido nacional palestino. A OLP combinou a ação diplomática com a luta armada para libertar o território palestino ocupado, porém lentamente a OLP foi aceitando a fórmula da divisão territorial entre árabes e palestinos sob a condição da livre determinação e o direito de dispor de um estado soberano que assegurasse o retorno dos refugiados. Frente à intransigência de Israel e o contínuo apoio de seus aliados externos, nem a via diplomática nem a luta armada deram resultados. No final do ano de 1987 foi desencadeado um levante popular palestino na Cisjordânia e na faixa de Gaza. A Intifada, como ficou conhecido o levante, envolveu um amplo movimento de luta que rechaçava a ocupação provocando uma imensa comoção internacional e revelando a verdadeira face da ocupação israelense. No calor da revolta, em junho de 1988, a Jordânia rompeu seus vínculos administrativos com a Cisjordânia. Em novembro o conselho nacional palestino (parlamento no exílio) declarou o Estado de Palestina. A situação se tornou cada vez mais insustentável para Israel, que continuava resistindo a qualquer mudança de política. No entanto, a Intifada somada a guerra do golfo obrigaram Israel a iniciarem um processo de negociação tutelado pelos EUA. Mas as negociações e o processo de paz não sobreviveram muito, provando definitivamente que Israel é um estado que não pode viver em paz com seus vizinhosmariagabrielle, nenhum mau dura para senpre nenhum poder é absoluto, Jan 2009

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1 de fev. de 2009

POR UMA GLOBALIZAÇÃO MAIS HUMANA

Globalização não é palavra nova, pois o famoso dicionário editado pela Universidade de Oxford já identificou o aparecimento em inglês do termo "global" há, pelo menos, 400 anos. A crise criada por banqueiros e especuladores do sistema finaceiro internacional me fez voltar a pensar sobre um antigo tema a globalização sob a ótica do inesquecivel Milton Santos. Os liberais,tiveram a interpretação hegemônica, privilegiam os aspectos econômicos desta segunda "grande transformação" do século 20. Para eles, trata-se de uma consequência necessária e inapelável das transformações tecnológicas que, somadas à expansão dos mercados, derrubaram as fronteiras territoriais e sucatearam os projetos econômicos nacionais, promovendo uma redução obrigatória da soberania dos Estados.A partir daí, a própria globalização econômica e a força dos mercados promoveriam uma homogeneização progressiva da riqueza e do desenvolvimento por meio do livre comércio e da completa liberdade de circulação dos capitais privados, o que acabaria conduzindo a humanidade na direção de um governo global, uma paz perpétua e uma "democracia cosmopolita". O problema, como demonstra Milton Santos, é que esta utopia vem sendo insistentemente negada pelos fatos, já que as consequências sociais e econômicas do processo real de globalização são completamente distintas, dependendo do território e do poder dos Estados. O principal veículo da globalização é a ideologia neoliberal do mercado livre. Não houve ao longo da História outra ideologia que tivesse influenciado tão profundamente cada aspecto da vida das pessoas no mundo como a do neoliberalismo, a globalização considera que a competição e a economia de mercado são o credo universal, onde os valores podem ser substituídos por preços, faz-nos recordar de modo arrepiante a visão do Apocalipse. A globalização, comandada pela actual ideologia liberal do mercado, tem adormecido as pessoas. Satisfeitas com as suas riquezas, muitas pessoas aprovam a ideologia liberal do mercado livre. Desapontadas com a política, aceitam uma visão da sociedade que passa por uma produção e um consumo sempre em expansão, uma sociedade em que o poder está nas mãos de uma pequena e forte elite económica, que facilita a gestão eficiente do processo de produção/consumo, do qual derivam todas as coisas boas da vida. Mas, numa sociedade destas, a maioria das pessoas têm pouco a dizer sobre a configuração da sociedade em que vivem e pouco poder de participação. Os líderes políticos e as instituições tornam-se meros «ponta-de-lança» de políticas decididas longe, por empresas transnacionais, É verdade que a esperança de vida, em média, cresceu mais nos últimos 50 anos do que nos anteriores 4000; a competição nos transportes e nas comunicações facilitou imensamente as nossas vidas. Contudo, ao mesmo tempo, a diferença entre ricos e pobres está a aumentar, existem 360 multimilionários no mundo, cuja riqueza conjunta é igual à soma do rendimento de 2,5 mil milhões de pobres. Que estrutura permite e justifica tamanha disparidade de riqueza? Joao Filho é professor eventual da rede publica de São Paulo e pos graduando em metodologia do ensino de filosofia.

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