20 de set. de 2009

LA TETA ASSUSTADA“

Por Por Daniela Gillone LA TETA ASSUSTADA“La teta asustada” conta a história de mulheres peruanas que foram estupradas durante a ditadura militar no Peru, mostrando o trágico do imaginário andino e a conflituosa relação das diferenças sociais no país. O filme é um espelho da realidade vivida no Peru, onde a dominação por parte da população privilegiada sobre os nativos é revelada com a paisagem típica do subdesenvolvimento peruano, com andinos entre as colinas e as longas escadarias que levam a outras colinas, em contraste com o contexto urbano da cidade Lima, com pessoas letradas e endinheiradas. A ficção que a cineasta peruana Claudia Llosa constrói com a complexa relação entre mãe e filha, originárias das comunidades indígenas andinas que migram para a cidade, deixa latente o pânico gerado pela violência sexual. É através da doença “la teta asustada”, contraída pelo leite materno, que a personagem cria um universo próprio como forma de se proteger do mundo externo. A subjetividade vivida por Fausta, com canções e gestos entre as pérolas e flores que guarda, e a aspiração por levar o corpo da mãe ao povoado onde viveu, se aproxima de Selma, personagem vivida por Björk, em Dançando no Escuro (Dancer in the Dark, 2000). Ambas as personagens que vivem entre situação trágica e mundo imaginário têm um objetivo que as desafiam na superação da realidade: Selma com a dança e encenações ante a necessidade de conseguir dinheiro para tratar a doença do filho, e Fausta, com flores, pérolas e canções que a encorajam no trabalho como doméstica para financiar o funeral da mãe. O filme inicia com planos-sequências da mãe de Fausta, entoando canções andinas, e da casa em que mora com o tio que organiza festas de casamentos. Aparece também o momento em que a família está fazendo os preparativos para o matrimônio da filha, e Fausta desmaia por presenciar a morte súbita da mãe. Tal situação a leva ao hospital e a obriga a enfrentar seus medos para conseguir realizar um funeral digno e também se livrar do segredo que oculta em seu corpo: uma batata na vagina como escudo para se proteger de um possível abuso sexual.A frase “Los infectados (por la teta asustada) nacen sin alma, porque del susto se escondió en la tierra” proferida pelo tio de Fausta, para justificar ao médico o porque da sobrinha ter introduzido uma batata na vagina como defesa, mostra a relação do povo andino com a terra e também o que o acontecimento, a violação de mulheres durante o conflito armado entre as décadas de 60 e 70 no Peru, fez com o imaginário popular andino. O susto que essas mulheres andinas passaram, ao serem violadas e engravidadas por militares, se torna uma patologia que para nós é vista como um mito, mas no imaginário andino toma uma proporção capaz de trazer os sintomas para o leite materno. O susto que se escondeu na terra, e por conseqüência o sintoma de Fausta, é revelado na relação dramática entre seu espírito, que traz o pranto vivido pela mãe, e seu físico, que traz uma infecção por ter introduzido uma batata na vagina para se proteger a qualquer situação que possa remetê-la ao passado da violação. A força que Fausta concentra para conquistar seu objetivo; trabalhar como doméstica para conseguir dinheiro para o enterro da mãe, que é embalsamada e guardada dentro da casa, é o que engrandece a personagem que, no final, consegue trazer rupturas aos padrões de seu comportamento construído como filha de mulher andina que foi violada e contaminada pelo medo. A história trágica ganha beleza e poesia com o realismo mágico. A dura realidade do medo que Fausta sente por ter de andar sozinha entre a cidade e colinas, trabalhar na casa de uma mulher rica e interesseira, não se aproximar da presença masculina, e tirar o tumor que a batata causou em sua vagina se dissolve entre as dunas, quando salta aos gritos, carregando sua mãe embalsamada até o banco do mar. É essa rota de sua liberação que nos traz a necessidade de conhecer parte da história andina. Para opovo andino, a batata, quesignifica vida, é a base de sua alimentação. No mundo simbólico de Fausta, o princípio do povo andino é o fim para sua proteção. São vários os significados atribuídos à batata no filme: desde sua utilização nos quintais e nas festas de matrimônios como a de proteção em uma vagina jovem, mostrando o imaginário coletivo do medo sobre a violência sexual que houve no conflito armado. A proposta de Llosa não se opõe ou inventa uma realidade, só faz um recorte de uma memória que ficou esquecida para o peruano. A diretora comenta que seu interesse por criar a ficção surgiu ao conhecer a história do conflito armado, enquanto pesquisava em uma biblioteca nos Estados Unidos sobre o povo andino. Antes de realizar o filme, Llosa constatou que os anos de ditadura no país deixaram as mulheres violadas tomadas por um susto que, no imaginário andino, ainda permanece sobre a terra. O filme também revela o matrimônio como necessidade social do povo andino, mostrando como parte da população se casa. É com as cenas das festas populares que a diretora constrói, com realismo mágico, o imaginário andino. Mostra a felicidade desses povos se casando, em contraponto à negação que a personagem principal constrói para aspirar um matrimônio. Daniela Gillone é jornalista e coordena o curso de extensão universitária Cinema e Identidade, promovido pelo Memorial da América Latina. danielagillone@gmail.com

14 de set. de 2009

ornal Nacional, 40 anos: cada um conta o que quer contar

Bonner e Fátima Bernardes fizeram questão de nos lembrar das tantas glórias conquistadas pelo JN e pelo jornalismo da emissora. Matérias intermináveis — intermináveis mesmo, de quase 15 minutos — exaltaram os feitos do telejornal. Os mais antigos repórteres (os que certamente melhor cumprem ordens do patrão) foram chamados à bancada e, ao vivo, recordaram as coberturas dos fatos que marcaram a história recente do país. Telespectadores desavisados, desconhecedores de episódios importantes da vida nacional, talvez até tenham ficado com lágrimas nos olhos. É fato incontestável que o Jornal Nacional consolidou-se desde a década de 1970 (estreou em 1969) como símbolo do poder das Organizações Globo. Com uma estrutura quatro, cinco ou seis vezes maior do que os telejornais de suas concorrentes, ainda hoje bota medo na maioria dos políticos, que temem ser alvos de abordagens, digamos, pouco simpáticas. Quando as menções são positivas, aí é só festa. Dá até pra pensar em vôos mais altos. Símbolo maior desse poder é o fato de seu lobista-chefe ser chamado de "senador" nos corredores do Congresso Nacional. Sem nunca ter sido candidato nem eleito para cargo algum, desfruta de poderes que nenhum parlamentar possui. O JN tem todo o direito de comemorar o que bem entender. Aliás, a Globo é perita em se autopromover. Já fez isso em diversas ocasiões e continua a fazer com competência, posando de defensora da cultura nacional e da liberdade de expressão, além da já manjada face "solidária" que os Crianças Esperanças da vida buscam construir. O perigo iminente disso tudo é que, em um país pouco conhecedor da biografia de seus meios de comunicação, corre-se o risco de reescrever a história. O temor não se faz em vão: como historiadores cansam de afirmar, a memória coletiva muitas vezes é fruto do legado dos mais fortes. Mas voltemos ao nosso tema. Como era previsível, o JN tratou de lembrar das tantas ocasiões nas quais noticiou fatos da vida política, econômica, cultural e esportiva do país. Esqueceu-se, no entanto — e ao acaso isso não pode ser creditado —, de recordar os momentos em que o telejornal global foi ele mesmo sujeito da história. Ficou de fora da retrospectiva, por exemplo, que o surgimento e fortalecimento da TV Globo deu-se a partir de um acordo ilegal com o grupo estrangeiro Time-Life, que foi inclusive objeto de CPI no Congresso Nacional. Esqueceram de dizer que a emissora foi criada e se fortaleceu com o apoio decisivo dos sucessivos governos militares. E que seu jornalismo, em especial o JN, ignorou solenemente as torturas, os desaparecimentos e as mortes dos que lutavam contra a ditadura, como se não tivessem acontecido. O resgate histórico deixou de lado a tentativa de ignorar o movimento pelas eleições diretas nos primeiros anos da década de 1980, assim como a participação da emissora na tentativa malsucedida de fraude nas eleições para o governo do Rio de Janeiro, com o objetivo de evitar a posse de Leonel Brizola. A memória seletiva igualmente deu conta de apagar a participação decisiva do JN na eleição de Fernando Collor em 1989, quando a emissora editou de forma canalha o último debate entre Collor e Lula, além de utilizar contra o candidato petista as acusações lunáticas de sua ex-mulher e o sequestro do empresário Abílio Diniz. Nos anos seguintes, de forma nem um pouco sutil, foi linha de frente na consolidação da ideia — hoje comprovadamente furada — de que o neoliberalismo e a privatização de empresas estatais eram o único caminho a seguir, impulsionando a eleição e reeleição de FHC à Presidência. Há ainda uma série infindável de episódios mais recentes que poderiam ser acrescentados à lista, como a cobertura favorável ao tucano Alckmin nas últimas eleições presidenciais. Ao contrário de outras tentativas, a tática não deu certo, graças à multiplicação das fontes de informação e, quem sabe, ao aumento da consciência política das classes menos favorecidas. Fato é que, ao longo de toda a sua história, a Globo consolidou-se como os olhos e ouvidos da atrasada elite brasileira, cerrando fileiras contra movimentos sociais e quaisquer políticas distributivas. Em Brasília, seu "senador" é sempre recebido com afagos. Tapetes vermelhos se estendem aos seus pés. E assim, políticas que visam democratizar as comunicações do país são enterradas antes mesmo de nascerem. É normal, compreensível até, que o JN tente recontar a sua própria história. O que não pode acontecer é que a história não contada por ele seja esquecida por nós. * Diogo Moyses é jornalista, radialista, membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação e autor de A Convergência Tecnológica das Telecomunicações e o Direito do Consumidor

11 de set. de 2009

Manifestantes pedem liberdade para Battisti no julgamento do STF

Um grupo de manifestantes interrompeu nesta quarta-feira (9) o início do julgamento do pedido de extradição do ex-ativista político Cesare Battisti no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a liberdade do italiano. Quando o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, deu início à sessão, o grupo que estava sentado na tribuna do plenário abriu uma faixa com os dizeres “Libertemos Cesare. Libertemo-nos” e começou a dizer palavras de ordem contra o processo de extradição de Battisti. A segurança do STF agiu rapidamente, confiscando a faixa e retirando à força os manifestantes. Os manifestantes compararam a possível extradição de Battisti à entrega de Olga Benário ao governo nazista, nos anos 1930. Olga, ex-mulher do comunista Luis Carlos Prestes, foi assassinada pelos nazistas por ser judia. Outra placa afirmava que extraditar Battisti se compararia à modernização da Inquisição. "Não há por que o governo ceder a essa pressão de extraditar Battisti. Nós sabemos o caráter do governo italiano de hoje. Um governo que não prima pelos direitos humanos e está retroalimentando grupos fascistas", disse a jornalistas o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que acompanhava os manifestantes. Outro grupo de manifestantes se posicionou contra a extradição de Cesare Battisti do lado de fora do Supremo. Eles gritavam palavras de ordem e carregavam faixas afirmando que extraditar Battisti seria modernizar a Inquisição. O julgamento começou com o pronunciamento do relator do caso, ministro Cezar Peluso, após a leitura do relatório e as sustentações orais dos advogados das partes já feitas na tribuna. Battisti foi condenado à prisão perpétua pelo governo italiano pelo assassinato de quatro pessoas entre os anos de 1977 e 1979, quando militava no grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele está detido no presídio da Papuda, em Brasília, onde aguarda a decisão do STF.

8 de set. de 2009

Globo, tucanos e pré-sal

Vez que outra, assisto o último jornal da Rede Globo antes de dormir para tirar uma base do pensamento neoliberal. Sempre tiro boas lições. Mas o enlouquecimento da mídia oficial, do DEM, do PSDB esta semana está demais. Entre outras pérolas, consegui assistir o enlouquecimento tucano com a proposta para a exploração do pré-sal feita pelo governo, festa do parlamento colombiano com a permissão do terceiro mandato para Uribe, e uma tímida crítica de Jabor, lamentando que aquele democrata (segundo ele, claro), tenha se utilizado dos mecanismos de ditadores (ainda segundo Jabor) como Evo Morales, Rafael Correa e, claro, Hugo Chaves para buscar o terceiro mandato. Impagável. Ouvi também uma pesquisa de opinião que dá 70% de aprovação a Uribe! E assisti ao lançamento do novo factóide pré-2010, chamado Marina Silva. Certo, não precisávamos ter ouvido do presidente que o pré-sal é uma dádiva de Deus, se bem que até isso passa. Mas que é um presente e tanto da natureza, ah, é! Devidamente encontrado e identificado pela tecnologia de uma empresa nacional, claro. Das poucas que escaparam da fúria privatista de FHC. Não é de se estranhar, em época de parafernálias eletrônicas inimagináveis, que ao mesmo tempo, também os estadunidenses tenham sabido. Aí está a quarta frota, afinal. Mas agora, com a proposta do governo de investir, e logo, os recursos do petróleo em infraestrutura e não em especulação, é óbvia a fala da direita, estarrecida com o que eles chamam de volta à política de reestatização. Ou seja, a Petrobrás encontra uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e tem tecnologia para explorar, vai usar os recursos para movimentar a economia dos estados produtores e tem pressa para isto.Saneamento básico, estradas, escolas, saúde, pode tudo menos contratação efetiva de funcionários. Segundo o governo, para não inchar a máquina. Argumento da direita? Isto vai pesar no eleitoral ano de 2010. Querem mais tempo para discutir, querem "transparência". Tem esperança de ganhar a eleição e dividir o pré-sal em fatias e fritá-lo em bolos privados, numa farra privatista neoliberal digna dos anos 80. Mas isto eles não dizem. Na verdade, a fúria neoliberal é resultante da disposição do governo em propor quatro pontos fundamentais: Primeiro, em manter a exploração do petróleo do pré-sal sob domínio estatal, sem permitir a orgia financeira dos tempos de FHC. O que seria bom para os tucanos? Um leilão, talvez financiado pelo BNDES? Segundo: Além de manter a exploração numa agência estatal, muda a forma. Ao invés de royaltes, que é o resultante da de concessão, altera para a forma de partilha. Ou seja, o petróleo está no subsolo do Brasil, portanto é de todos os brasileiros, e a todos deve beneficiar. Quando os DEM dizem que não existe experiência internacional que comprove maior eficiência deste sistema, é só lembrar que Arábia Saudita e demais países árabes, a Venezuela, China, África -Argélia, Angola, Líbia Nigéria, Ásia- China, Rússia, utilizam o sistema de partilha. O que a Globo chama de quase todos os países desenvolvidos do mundo, que utilizam o sistema de concessão leia-se: E.U.A., Noruega, Reino Unido, Argentina, Colômbia e até agora Brasil. A diferença entre concessão e partilha, a grosso modo, é que na primeira, empresas são escolhidas por leilão para explorar as áreas por um determinado período. Têm a propriedade do óleo produzido, arcam com os custos e levam os lucros. Em vez de o Estado ser remunerado com parte do petróleo, a concessionária paga uma quantia pré-fixada pela exploração dos campos, e fica com o grosso do faturamento. No regime de partilha, as empresas privadas operam os campos e dividem o óleo extraído com uma empresa 100% estatal, dona das reservas. As companhias são ressarcidas dos custos antes do cálculo que determina a divisão do petróleo. A garantia deste sistema é que este petróleo permanecerá ou pertencerá ao Brasil. Terceiro ponto: O discursinho mofado e enjoativo da ingerência do Estado no livre arbítrio do Deus Mercado. Mas pára tudo: pouco tempo atrás, quando a crise econômica assolou Deus mercado, não foi ao anacrônico Estado que os liberais recorreram? Os bancos, financeiras, montadoras? Exigiram socorro, investimentos, empréstimos. Diziam ser função do Estado. Pois são estes mesmos que agora reclamam que o governo quer retomar uma fase que eles chamam de superada, que é o fortalecimento do Estado. Estado mínimo? Só para o pré-sal. Ou seja, O que incomoda a estes senhores, é mesmo a perspectiva cada vez mais concreta de um Estado soberano e forte cada vez mais distante da subserviência de tempos atrás. Agora o quarto ponto: O que enlouquece mesmo a nossa direita tupiniquim são coisas que dão certo. Para o povo, não para eles. Imaginem se o pré-sal fosse encontrado 10 anos atrás, que orgia de privatizações! Porque, segundo o presidente, todos os recursos oriundos da venda do petróleo serão destinados a um fundo social para a manutenção de educação, saúde e questões sociais. Por isto, desculpo este governo chamar o pré-sal de dádiva de Deus: Ele tem pressa. Conhece a urgência da fome, e o Brasil tem urgência de sua soberania. E isto a oposição não tem. Porque a urgência do povo não cabe na incompreensão de quem não conhece nem nunca conheceu ou respeitou o povo brasileiro.

6 de set. de 2009

Michael Moore: um documentário para pedir o fim do capitalismo A passagem do documentário Capitalism — A Love Story, de Michael Moore, repercutiu com toda a força que se poderia esperar do engajado diretor de Tiros em Columbine e Fahrenheit 11 de Setembro. Sua primeira sessão para a imprensa no Festival de Veneza, onde concorre ao Leão de Ouro, nesta noite de sábado (5), teve fila começando mais de meia-hora antes de seu início, empurra-empurra e dezenas de jornalistas voltando para trás, assim que a lotação da Sala Perla (450 lugares) se esgotou. Ao final, o filme foi bastante aplaudido. Em todo caso, o filme é polêmico e tem a marca marqueteira de Moore, embora não lhe falte contundência. Ao seu final, o diretor simplesmente faz uma profissão de fé contra o capitalismo — que, segundo ele, "não pode ser regulado, tem de ser simplesmente eliminado e substituído por um sistema mais justo”. O foco do filme é a grande crise econômica que abalou os mercados mundiais ao final de 2008, provocando a quebra de instituições financeiras e a falência não só de empresas, como de pessoas físicas. Milhares delas perderam suas casas, nos Estados Unidos, por não poderem pagar suas hipotecas, que haviam sido refinanciadas para adquirir novas casas. Como de hábito nos filmes de Moore, a pesquisa é consistente e registra casos impressionantes, que visam retratar a ganância dos bancos e o resultado trágico, segundo ele, de uma desregulamentação do sistema financeiro. Além de acompanhar o despejo de alguns inadimplentes com as hipotecas, Moore denuncia verdadeiros crimes, como empresas que fazem apólices de seguro em favor de seus empregados e beneficiam-se delas, no caso de sua morte, em prejuízo das famílias dos mortos. O filme não se furta a indicar mesmo os nomes de diversas grandes empresas norte-americanas que usaram ou ainda usam este expediente. Uma das sequências mais provocadoras de Capitalism: A Love Story está em seu final —quando o próprio cineasta percorre diversos bancos em Nova York com um saco de pano na mão, com a intenção declarada de "recuperar" dinheiro subtraído aos contribuintes. Impedido de fazer a "coleta", Moore arranja então um rolo da fita normalmente usada pela policia norte-americana para isolar cenários de crimes, passando-a pela porta dessas instituições. Ao final, o cineasta propõe que cada uma das pessoas que assistir ao filme também se rebele, seguindo os exemplos de trabalhadores que ocuparam indústrias desativadas ou alguns moradores que reocuparam suas casas, desobedecendo às ordens de despejo. Segundo Moore, os Estados Unidos hoje "não são" o país que o falecido presidente Franklin Roosevelt propunha, mas que ele não irá deixá-lo. Moore repropõe, ao que parece, a boa e velha desobediência civil. Com tantos assuntos bombásticos, a coletiva do filme de Moore, marcada para a tarde de domingo, promete.

4 de set. de 2009

FIM DA CRISE ECONÔMICA É ILUSÓRIA E MOMENTÂNEA

O comércio externo sofreu retração menor, pelo fato de que sua ligação principal era e é com "produtos básicos", enquanto que a demanda interna manteve-se relativamente protegida nos segmentos de mais baixa renda, que dependem dos gastos de política social (ao redor de ¼ do PIB) Temos lido e visto com freqüência notícias alvissareiras sobre o fim da crise econômica, especialmente daquela que se abateu sobre a economia brasileira desde o último trimestre de 2008. Em resposta às políticas econômicas, houve sucessivas reações dos mercados externo e interno nos dois últimos trimestres em termos de produção, emprego, comércio externo e consumo interno. A partir destes sinais, especula-se sobre o fim da crise econômica e a retomada do ciclo de crescimento da economia mundial e, dentro desta, da economia brasileira. Mas esta é apenas a parte visível e conjuntural de um fenômeno mais complexo: o funcionamento da economia mundial e sua tendência recorrente a crises financeiras nos últimos 30 anos, cada vez mais freqüentes e profundas. As medidas de salvação financeira e reativação da economia produtiva que o governo Obama desencadeou na economia norte-americana, há pouco mais de seis meses, aparentemente funcionaram no sentido de repor nos trilhos os vagões principais da composição sistema financeiro / complexo habitacional / indústria automobilística. Mas há também medidas direcionadas à mudança do padrão de consumo energético, manejo ambiental e implantação de um sistema público de saúde. Por sua vez, aqui no Brasil, os efeitos secundários da crise externa chegaram mais fracos. O comércio externo sofreu retração menor, pelo fato de que sua ligação principal era e é com "produtos básicos", enquanto que a demanda interna manteve-se relativamente protegida nos segmentos de mais baixa renda, que dependem dos gastos de política social (ao redor de ¼ do PIB). Houve também desonerações fiscais importantes, dirigidas ao setor automobilístico e a certos segmentos de bens duráveis, que também funcionaram no sentido de se contrapor ao declínio de vendas nesses setores. Mas foi principalmente a queda na taxa de juros que liberou recursos fiscais (do superávit primário) para se contrapor à queda de arrecadação tributária. Esta, juntamente com o aumento dos gastos primários requeridos para fazer política fiscal anticíclica, pôde ocorrer sem aumento líquido significativo da Dívida Pública, porque os juros internos cadentes viabilizaram declínio do superávit primário. Todo esse arranjo de superação da crise econômica interna e externa mantém até aqui intocados os elementos estruturais do sistêmico econômico. Vou me restringir ao caso brasileiro porque aqui é mais profunda a resistência estrutural. Nossas relações econômicas internacionais continuam sustentados pelo binômio abertura integral ao capital financeiro externo e especialização na produção de "commodities". Nosso padrão de consumo de bens duráveis industriais continua a expressar um perfil de prioridades, reflexo da estrutura da riqueza concentrada na sociedade. Nosso padrão de emprego continua a reproduzir baixos salários, ocupações precárias, com crescentes requerimentos de compensação pela política social. Não há sinais de aumento do desemprego aberto (desempregados procurando emprego). Nossa matriz energética e política ambiental continuam cativas do modelo herdado do "desenvolvimentismo" do pós-guerra. Nossa estrutura agrária ultra concentrada tende a se concentrar mais ainda, face à especialização ao estilo "plantation for export" que vimos perseguindo. E finalmente há uma economia política que sustenta esse pacto de poder, hoje fortemente ancorado nos setores primários exportadores e na liberalização financeira. Esses elementos estruturais intocados, resistentes de forma subliminar ou agressiva a mudanças, no sentido de um novo estilo de desenvolvimento, são os ovos da serpente que infelizmente irão repor mais adiante os termos da crise econômica, social e política do Brasil. Não nos iludamos com aparências, por mais que nossos desejos de ver a luz no final do túnel sejam legítimos. Infelizmente, o momento da crise econômica atual não provocou iniciativas para desencadear mudanças mais profundas no sistema econômico. Daí que praticamente todas as ações adotadas se restringiram a políticas de reativação da demanda agregada pré-existente, sem abrir perspectivas para gestação de projetos alternativos em quaisquer dos domínios estruturais supracitados. A menos que inovações venham a ocorrer, fruto do debate sucessório de 2010, nosso ajustamento de política econômica ora em curso reforça os fatores de desigualdade social e desequilíbrio ambiental, sem melhorar qualitativamente a dependência do capital estrangeiro. Por tudo isto, a nossa crise econômica continua, ainda que tenhamos recuperação do crescimento do PIB. (Correio da Cidadania Guilherme Costa Delgado é doutor em Economia pela UNICAMP e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.

2 de set. de 2009

A LUTA DE CLASSES NA COLOMBIA - SITUANDO A GUERRILHA HISTORICAMENTE Para cumprirmos a tarefa de traçar um panorama acerca da situação atual da guerrilha na Colômbia, utilizaremos uma matéria publicada pelo órgão de imprensa da Escola Ideológica de Filosofia, História e Economia Política, chamado Crítica Política, em seu número 59, de novembro de 1999. A Colômbia é o país de maior trajetória guerrilheira. O mais destacado dos grupos guerrilheiros, no presente momento, as FARC, está em atuação há mais de 40 anos, com pequenos intervalos nas atividades, como na década de 80, por conta de acordos com o governo, para logo em seguida retornar ao combate armado.
O fato de nos utilizarmos da matéria do Crítica Política, quase na sua íntegra, dá-se pela necessidade de situar a guerrilha, historicamente, no contexto da luta de classes, naquele país, e isto a matéria faz a contento. Não implica, porém, que concordemos com as conclusões a que chega o CP, e, quanto a isto, trataremos de elucidar as nossas posições e as nossas diferenças no decorrer da nossa análise. Vamos à matéria:
"Desde os primeiros momentos da conquista, os espanhóis se viram enredados pelas emboscadas dos índios nômades que viviam nas cordilheiras limítrofes dos principais rios e particularmente do rio Magdalena, a principal artéria fluvial do país e via indispensável para chegar ao centro do território conquistado. Em seguida às mesmas guerras civis do século XIX, a guerrilha desempenha um papel importante como fator de apoio logístico e militar aos respectivos bandos em conflito. Porém, é a partir da repressão desencadeada pelos governos conservadores, instaurada em 1946, quando a tática da guerra de guerrilha adquire uma espécie de institucionalidade histórica.
Como resposta à violência partidária conservadora, exercida desde a esfera do governo, foram os perseguidos liberais os que assumiram primeiro uma defesa armada de suas vidas, que se convertem logo em uma ofensiva guerrilheira na perspectiva de restaurar os governos liberais que desde 1930 haviam exercido o poder até o referido ano de 1946.
Portanto, as primeiras expressões guerrilheiras do século que termina foram de caráter liberal, não por sua ideologia, porquanto se tratava de massas de camponeses, senão por sua vinculação partidária, por pertencer ao partido liberal, o partido perseguido desde a esfera do poder governamental.
A tal ponto chegou o desenvolvimento das forças guerrilheiras liberais, que, em 1953, havia no país mais de 50 frentes de guerrilhas e, à frente das principais encontrava-se um personagem de origem camponesa de idéias liberais, Guadalupe Salcedo Unda. Neste momento, a oligarquia liberal e parte da conservadora se dão conta do perigo que representa um movimento armado e dentro do qual havia assessores importantes por sua visão política, como o advogado Alvear Restrepo, oposto à rendição guerrilheira. É então que começa a ser gestado pelos liberais e uma parte dos conservadores o golpe militar na perspectiva de deter o avanço das guerrilhas liberais. O golpe se produz sob a direção do general Gustavo Rojas Pinilla e é aprovado e legitimado pela direção do partido liberal e por uma fração conservadora encabeçada por Marino Ospina Perez, o mesmo que sob a sua presidência permitiu a violência contra os liberais, em cujo período presidencial foi assassinado o líder liberal Jorge Eliecer Gaitán.
Gera-se, então, um período de governos conservadores e liberais alternados, sob uma aliança denominada "Frente Nacional". Durante sua vigência, não se permitiu a participação política de forças diferentes dos partidos tradicionais, o liberal e o conservador.
Ao monopolizar o poder e sustentar um regime de repressão, particularmente dirigida às massas camponesas organizadas e aos movimentos de oposição, reproduz-se o surgimento de organizações insurgentes que pretendem ascender ao poder mediante a via armada. A esse processo contribuía a situação mundial, que presenciava lutas de libertação anticolonialista na Ásia e na África.
A oligarquia liberal-conservadora colombiana pretende liquidar os movimentos insurgentes mediante o aumento da repressão, da tortura, das prisões e dos "desaparecimentos" de dirigentes populares, etc. Isto se agudiza no governo de Julio Cesar Turbay Ayala e continua nos seguintes. A repressão estatal produz o fortalecimento da insurgência e, com o tempo, ela adquire um poder nunca imaginado pela oligarquia. É este poder, logrado por diversos meios, que levou a oligarquia a sentar-se frente à insurgência para tratar de obter um clima de equilíbrio político no qual se terminasse com a repressão e se desse espaços aos setores excluídos do poder político que vem dominando.
Este fenômeno, que é novo na história do país, não significa que a insurreição tenha triunfado na perspectiva de impor um novo Estado e uma nova estrutura diferente da que possui a sociedade colombiana, ou então que a oligarquia revisse seus métodos de participação cidadã à luz de novas condições tanto nacionais como mundiais. Nem os insurgentes apresentam um novo modelo econômico, nem a burguesia vai liquidar o seu. Entretanto, é possível permitir mais reformas que logrem a participação de grandes massas da população que hoje se encontra marginalizada de toda possibilidade de melhoramento econômico, social, político e cultural."

O ATUAL ESTÁGIO DA GUERRILHA NA COLÔMBIA
É preciso situar, dentro do atual estágio da guerrilha colombiana, qual é a sua motivação principal, qual o seu projeto, qual a classe que lhe dá sustentação político-ideológico.
Pudemos ver, pela matéria acima do CP, que este estágio da guerrilha nasce das desavenças intra-burguesas entre duas facções da classe dominante: de um lado, uma casta de caráter mercantil, representada pelo partido liberal e, do outro, latifundiários ligados aos interesses agrícolas/pecuaristas, representados pelo partido conservador.
Por um lado, o partido conservador, com os seus interesses ligados ao latifúndio e à produção agrícola voltada para exportação, sentia os seus interesses ameaçados com as bandeiras levantadas pelo partido liberal, que visava a ampliação do mercado interno, inclusive propondo a reforma agrária, visando a criação de uma classe média no campo.
O partido liberal, ao ser alijado da possibilidade de disputar a máquina do Estado pela via "democrática", tendo, inclusive, as suas propriedades confiscadas, a vida dos seus seguidores ameaçadas e em alguns casos liquidadas, recorre à luta armada como meio de retomar o controle do Estado. Para tanto, esta facção da burguesia, em sua luta canibalesca, viu-se obrigada a atrair para suas fileiras outros setores da sociedade, como a pequena burguesia e os camponeses pobres, com bandeiras de liberdades democráticas e reforma agrária. O campesinato passa a ser o principal fornecedor de "braços" à guerrilha liberal.
Entretanto, a guerrilha dá-se em meio a uma crise de grandes proporções. Os liberais, que a incentivaram e alimentaram, temiam o seu crescimento e com isto a possibilidade desta sair do seu controle e dos limites das suas bandeiras. Sentindo-se ameaçado, o partido liberal começa a concertar uma aliança com o partido conservador, visando pôr fim à luta armada, nascendo daí um governo de "frente". Deste acerto redunda um golpe militar, e o partido liberal, novamente à testa do poder de Estado, persegue, prende e mata partidários seus que se opuseram à deposição das armas.
Até aqui não há muita novidade do ponto de vista histórico. Quando da tomada do poder pelos trabalhadores da comuna de Paris, a França, que estava em guerra contra a Prússia, parou as atividades bélicas contra esta, e os dois adversários uniram os seus exércitos para combater os trabalhadores insurretos. A burguesia, como todo bom cachorro, tem faro afinado para detectar ameaças ao seu poder.
Uma vez iniciados na "arte da guerrilha", setores marginalizados e excluídos da sociedade da Colômbia encontraram nesta forma de luta a expressão das suas demandas políticas e sociais e, em meio à miséria que permeia esse país, uma forma de sobrevivência. O Estado, diante da crise mundial do capitalismo, reage com mais violência, já que é impossível para ele atender às demandas e incorporar todo contingente de "miseráveis" e excluídos dentro de uma sociabilidade, sob o sistema capitalista. Atacam-se, pois, os efeitos, na impossibilidade de atacar as suas causas. Daí que não passa de ilusão do CP, quando acha que "é possível permitir mais reformas que logrem a participação de grandes massas da população, que hoje se encontra marginalizada de toda possibilidade de melhoramento econômico, social, político e cultural." Antes, pelo contrário, as perspectivas são de mais e mais exclusão dentro do atual patamar tecnológico.

DE ONDE VEM O FINANCIAMENTO DA GUERRILHA
O mais antigo e experimentado grupo de guerrilha, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC - ocupa hoje 40% do território e está presente em 10 dos 32 departamentos (Estados) colombianos e mantém um contigente de 15.000 guerrilheiros armados com armas e equipamentos bélicos modernos. O segundo grupo em importância é o ELN - Exército de Libertação Nacional - que mantém um contigente de 5.000 guerrilheiros, igualmente bem armados. Este aparato militar é mantido, segundo dados da revista Isto é de 01/07/1998 a um custo estimado entre U$ 500 milhões a U$ 1 bilhão. Esta supremacia militar obrigou, recentemente, o governo a sentar e negociar com a guerrilha, em seu próprio terreno. Fato inédito, até então.

AS GUERRILHAS NA AMÉRICA LATINA
Já faz muitas décadas que os movimentos guerrilheiros da América Latina, incluindo o Brasil (A guerrilha do Araguaia, do PC do B), vêm-se arrastando, não obstante alguns golpes espetaculares que lograram empreender aqui e ali, sem que um só que fosse - com exceção da Frente Sandinista - tivesse conseguido tomar o Poder e modificar a estrutura da sociedade de seus países de origem: Colômbia, Peru, Bolívia, etc. O da Nicarágua, o único, depois de Cuba, que conseguiu chegar ao Poder pelas armas, entregou logo mais este mesmo Poder à burguesia por meio de um ato simples e monótono de eleição burguesa. A Nicarágua, que a muitos parecia uma promessa socialista, voltou à miserável rotina de exploração capitalista por conta da impotência de seus chefes guerrilheiros, que, na verdade, não dispunham de um verdadeiro programa de revolução socialista, apoiado na classe operária.
Movimentos anteriores - e a Colômbia nos dá vários exemplos disso - depois de gastarem anos a fio embrenhados na floresta, longe das fábricas e da classe operária tentando movimentar apenas índios e camponeses, largaram as armas e trocaram seus postos de comandantes revolucionários guerrilheiros por cargos no Parlamento e no Estado burguês daqueles países - enquanto que outros acomodaram-se à vida de prósperos fazendeiros, como se estivessem repetindo o estilo do velho Pancho Villa da revolução (burguesa) mexicana.
Continuam sem um programa socialista todos os movimentos de guerrilha na América Latina: assim o Tupac-Amaru, o Sendero Luminoso, as FARC, o ELN e os demais. Ao invés de contarem com um programa socialista revolucionário, esboçam e exibem apenas algumas bandeiras por demais genéricas e vagas, como a dos zapatistas, de "Justiça e Liberdade", que cabe em qualquer Declaração Universal dos Direitos do Homem, firmada pelos estados capitalistas reunidos nas Nações Unidas; ao invés de convocar a classe operária para que ela ocupe a cabeça da revolução, como já ensinara a memorável Comuna de Paris, delegam aos índios e aos camponeses um papel dirigente que só pode ser cumprido com conseqüência pela classe operária - a qual, como a história não se cansa de demonstrar, é a única que pode, liderando todas as capas exploradas da população, levar adiante uma verdadeira revolução socialista. Ao invés de firmarem como meta derrubar o estado burguês e a propriedade privada dos meios de produção, única meta capaz de fazer desaparecer a exploração capitalista, que tanto afirmam combater, lutam apenas por "eleições livres", "direitos humanos", ambíguas "reformas agrárias", que, quando feitas, voltam ao estado anterior de exploração em pouco tempo, e outras tantas bagatelas do figurino burguês que em nada mudam o enquadramento estrutural da sociedade responsável pela exploração capitalista sobre a população trabalhadora.

QUAL A PERSPECTIVA DO MOVIMENTO GUERRILHEIRO COLOMBIANO?
No meio de tanta indigência teórica, política, ideológica e moral, não surpreende que muitos desses movimentos de guerrilha isolados da classe operária das cidades e dos demais seguimentos explorados da população, praticando uma tática foquista, tenham involuído a tal ponto que, para sobreviver, tenham sido forçados a estreitar íntimas relações com os cartéis de narcotraficantes, para obter fundos para compra de armas e, até, para também desenvolver negócios lucrativos.
Com os ingressos de dinheiro advindos do narcotráfico, em todas as suas fases, a guerrilha se torna forte economicamente. Porém, isto não significa que tenha se fortalecido politicamente. Continua distante das massas operárias e de um projeto revolucionário. A guerrilha é débil politicamente, porém, em comparação com o governo, é forte economicamente. As FARC puderam impor condições que debilitam as posições do governo ante a opinião pública e ante as castas liberais-conservadoras. Mesmo assim, devido às debilidades políticas enumeradas acima, estão muito mais próximas de um acordo de deposição de armas, como já o fizeram na década de 80, do que qualquer outra coisa.

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