8 de jun. de 2008

Este ensaio faz referência à invasão da Baia dos porcos, em 16 de abril de 1961,

Fidel Castro, que no início de 1961 era primeiro ministro de Cuba, liderou um grupo de guerrilheiros que desencadeou desde 1956 uma revolução popular. O levante alcançou seu objetivo em 1º de maio de 1959, com a derrubada do ditador Fulgêncio Batista. Mesmo promovendo reformas moderadas, o novo governo, recebeu forte oposição do governo americano, que dominava a maior parte da economia cubana, e dessa forma, incidiu uma forte pressão econômica e diplomática sobre a Ilha. O levante alcançou seu objetivo em 1º de maio de 1959, e dessa forma, incidiu uma forte pressão econômica e diplomática contra cuba e contra Fidel. Após três meses no governo, Kennedy autorizou operação clandestina de contra-revolucionários montado pela CIA. O desembarque na Baía dos Porcos (16/04/1961) foi derrotado com certa facilidade, frustrando as expectativas americanas de encontrar apoio popular para derrubar Castro A contra partida ao resultado da operação articulada pelo governo estadunidense foi que Fidel Castro proclamou a adoção do socialismo no país caribenho, fronteiriço às águas pertencentes ao território do EUA em primeiro de Maio do mesmo ano. Mesmo assim, é importante salientar que a Revolução Cubana não teve cunho de reforma política no sentido de promover o comunismo, pois como René Remond afirma: o partido comunista só desempenhou, de fato, um papel muito reduzido, e que se junta em seguida ao bloco das revoluções comunistas. Em 1º de maio de 1961, menos de um mês após a invasão da Baia dos Porcos, Castro proclama a adoção do regime socialista, com orientação marxista-leninista. Esta proclamação causou furor para os dirigentes americanos, que trataram de realizar uma série de embargos econômicos e políticos aos cubanos, inclusive expulsando-os da Organização dos Estados Americanos (OEA). Dessa forma, a política estadunidense acaba promovendo a aproximação de Cuba ao bloco soviético, tanto no plano econômico como no político [10]. Isso um ano mais tarde, acarretará no que se denomina a crise dos mísseis, ocorrido pela implantação de base militar soviética em Cuba. Ainda sobre o inconsistente engajamento inicial de Cuba ao comunismo, Hobsbawn afirma que o partido comunista cubano não era sequer simpático a Fidel Castro. Portanto, a característica comunista do regime cubano, pode ser entendida como um efeito da oposição aos estadunidenses e não como um objetivo inicial da revolução, o que forçou uma conseqüente aliança com os soviéticos. Acerca do caráter não-comunista de Cuba, Hobsbawm acrescenta sobre as relações do governo revolucionário cubano e o Partido Comunista: As relações entre eles eram visivelmente geladas. Os diplomatas e conselheiros americanos debatiam constantemente se o movimento era ou não pró comunista [...], mas claramente conclui que não era. Esta conclusão fora uma das razões pelas quais os estadunidenses não colocaram em ação seu exército oficial para derrubar o governo de Fidel Castro, ou seja, no início não era explícito que acontecera uma revolução no sentido comunista, mas sim, uma revolução popular contra um governo autoritário. No entanto, apesar da Revolução Cubana não ter causado qualquer perigo iminente ao poderio dos EUA, a revolução conseguiu atrair a atenção de praticamente todas as esquerdas do mundo ocidental. A forma com que os cubanos encaminharam sua revolução encorajava outros grupos oposicionistas pelo mundo e era visto como um modelo, até mesmo, para os críticos da União Soviética, pois a política fidelista coexistia com o capitalismo a cem milhas da maior nação capitalista do mundo. Portanto, além do caráter político e militar está em jogo o mental, ou seja, não se sabia até que ponto uma ilha revolucionária, agora oficialmente comunista, às portas do motor capitalista do mundo, poderia intervir em seu poderio continental. Mesmo Cuba não representando um perigo para a economia americana, era vista como um incômodo, principalmente do ponto de vista ideológico, encorajando outros países da América Latina, Ásia e África a promover a Revolução e, além disso, eram avalizados e protegidos pela União Soviética. Na época os Estados Unidos já se impressionavam com o avanço tecnológico soviético e a competitividade econômica do Japão e Europa Ocidental , herdeiros do Plano Marshall. Por isso parte dos estadunidenses a iniciativa de colaborar com um grupo de exilados, treinados e armados pela CIA para derrubar Castro, sem se expor oficialmente, para tentar sufocar o germe de problemas futuros. Portanto, a verdade é que: A revolução castrista criara um clima de perplexidade nos Estados Unidos, permitindo aos países latino americanos aprofundar suas reivindicações e desenvolver uma diplomacia relativamente autônoma nas nações maiores como México, Brasil e Argentina Conclui-se também que não seria salutar para os Estados Unidos utilizar todo o seu poderio bélico contra Cuba, até porque, como se pode perceber não havia motivos evidentes para isso. Ainda que houvesse motivos, a Ilha fica a pouco mais de cem milhas da costa estadunidense; utilizar armamentos pesados seria arriscado para a sua própria população. O presidente John Kennedy se utilizou do patrocínio a exilados anti-castristras para a operação. No entanto, até hoje, a invasão à Baia dos Porcos é conhecida como a principal derrota estadunidense, em seu próprio continente. Realmente foi uma derrota considerável para os EUA, mesmo com as ressalvas militares elencadas anteriormente, até porque não há a intenção de se quantificar o poderio militar de cubanos e estadunidenses na década de 1960, mesmo porque se fosse isso seria apenas uma descrição quantitativa e as diferenças a meu ver são desproporcionais. A questão é que no período em questão, o que está em jogo não são apenas armamentos e soldados, mas políticas e mentes unidas com o objetivo de solidificar uma ou outra ideologia. *Bibliografia: -HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve sáculo XX 1914-1991I. Trad. Marcos Santarrita. Ver. Técnica Maria Cecília Paoli. 2ª ed, 12ª impressão. São Paulo: Cia das Letras, 1995. -RÉMOND, René. O Século XX: de 1914 aos nossos dias. Trad.: Octávio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1974. -VIZENTINI, Paulo Fagundes. História do Século XX. 2ª Edição. Porto Alegre: Editora Novo Século, 2000.

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