24 de nov. de 2008

Agravamento da crise revela estelionato eleitoral

As eleições de 2008 foram marcadas pelo continuísmo. Tanto o bloco formado pelo PT e a base governista quanto a oposição de direita, capitaneada pelo PSDB e DEM, beneficiaram-se da conjuntura de crescimento econômico nos últimos anos. Isso fez com que a taxa de reeleição fosse a maior da história. Mas tanto o bloco do governo quanto a oposição de direita, investiram pesado em promessas eleitorais. Cada candidato tentou se firmar como um "bom administrador", que realiza mais obras. A palavra "crise" não apareceu em nenhuma de suas propagandas da TV. Se para o governo era bom esconder a fragilidade do país diante da crise, tampouco para a oposição de direita isso era um bom negócio. A realidade, porém, falou mais alto e a crise chegou. Aos poucos, vai ruindo o estelionato eleitoral erguido nesses meses de campanha. Em São Paulo, o prefeito reeleito Gilberto Kassab já afirmou que vai cortar o Orçamento em 2009, diante da previsão de queda da receita. Os mesmos que se beneficiaram do crescimento econômico serão os mesmos que atacarão os trabalhadores numa conjuntura de recessão, que se desenha a passos largos que fará o governo Lula? Apesar dos reflexos da crise econômica e suas conseqüências que já são sentidas no Brasil, ela está apenas no início. Qual será a política do governo Lula no momento em que a crise se agravar? As medidas do governo não se limitarão às políticas de benefícios aos bancos e empresas. Assim como já anunciou o corte no orçamento para 2009, num cenário de aprofundamento da crise o governo terá que partir para a ofensiva contra os trabalhadores. Algumas medidas já estão em gestação. O Secretário para Ações de Longo Prazo, Mangabeira Unger, foi incumbido pelo próprio presidente a elaborar uma proposta de reforma trabalhista. A base do governo também ressuscitou o Projeto de Lei 4302/98, de FHC que, acaba com as obrigações trabalhistas e direitos do empregado em caso de contratações. É uma forma de promover a terceirização e oficializar a flexibilização das leis trabalhistas. Já a oposição de direita, não expressa uma alternativa a essa política. Tanto PSDB como DEM fazem exigência ao governo para impor um corte maior no orçamento e a implementação das reformas, como a trabalhista e previdenciária. É necessário, o fortalecimento de uma verdadeira alternativa à política do governo e da oposição de direita. Uma alternativa de esquerda, que aponte um programa dos trabalhadores para a crise e os problemas que afligem a classe. Que os ricos paguem pela crise A realidade cumpriu o papel de desfazer o discurso do governo Lula, sobre suposto descolamento da economia do país. A tão propalada reserva internacional, que chegou a ultrapassar os 200 bilhões de dólares, e transformado o Brasil em "credor internacional", é um castelo de areia formado por capitais especulativos de curto prazo, que podem virar pó da noite para o dia. O Brasil teve que recorrer a uma ajuda de 30 bilhões de dólares do Fed, o banco central dos EUA. As remessas de lucros ao exterior explodiram nos últimos meses, para cobrir prejuízos das matrizes. Aumentou também a fuga de capitais e o dólar disparou. A balança comercial sofre um duro golpe e caminha para o déficit. As férias coletivas prenunciam uma onda de demissão e desemprego. É necessário um programa dos trabalhadores para enfrentar a crise e exigir: - Ao invés de garantir bilhões aos bancos, estatizar o sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores, a fim de que este sirva á população e não à especulação. - É necessário impedir a fuga de capitais especulativos e dos lucros ao exterior, estatizando as empresas multinacionais. - Ao invés de Férias Coletivas e demissões , que o governo garanta a estabilidade no emprego dos trabalhadores, inclusive com a estatização das empresas que insistirem em demitir. - Redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, a fim de gerar mais empregos. - O não pagamento da dívida pública, direcionando esses recursos a um plano de obras públicas, a fim de absorver a mão de obra desempregada.

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