1 de fev. de 2009

POR UMA GLOBALIZAÇÃO MAIS HUMANA

Globalização não é palavra nova, pois o famoso dicionário editado pela Universidade de Oxford já identificou o aparecimento em inglês do termo "global" há, pelo menos, 400 anos. A crise criada por banqueiros e especuladores do sistema finaceiro internacional me fez voltar a pensar sobre um antigo tema a globalização sob a ótica do inesquecivel Milton Santos. Os liberais,tiveram a interpretação hegemônica, privilegiam os aspectos econômicos desta segunda "grande transformação" do século 20. Para eles, trata-se de uma consequência necessária e inapelável das transformações tecnológicas que, somadas à expansão dos mercados, derrubaram as fronteiras territoriais e sucatearam os projetos econômicos nacionais, promovendo uma redução obrigatória da soberania dos Estados.A partir daí, a própria globalização econômica e a força dos mercados promoveriam uma homogeneização progressiva da riqueza e do desenvolvimento por meio do livre comércio e da completa liberdade de circulação dos capitais privados, o que acabaria conduzindo a humanidade na direção de um governo global, uma paz perpétua e uma "democracia cosmopolita". O problema, como demonstra Milton Santos, é que esta utopia vem sendo insistentemente negada pelos fatos, já que as consequências sociais e econômicas do processo real de globalização são completamente distintas, dependendo do território e do poder dos Estados. O principal veículo da globalização é a ideologia neoliberal do mercado livre. Não houve ao longo da História outra ideologia que tivesse influenciado tão profundamente cada aspecto da vida das pessoas no mundo como a do neoliberalismo, a globalização considera que a competição e a economia de mercado são o credo universal, onde os valores podem ser substituídos por preços, faz-nos recordar de modo arrepiante a visão do Apocalipse. A globalização, comandada pela actual ideologia liberal do mercado, tem adormecido as pessoas. Satisfeitas com as suas riquezas, muitas pessoas aprovam a ideologia liberal do mercado livre. Desapontadas com a política, aceitam uma visão da sociedade que passa por uma produção e um consumo sempre em expansão, uma sociedade em que o poder está nas mãos de uma pequena e forte elite económica, que facilita a gestão eficiente do processo de produção/consumo, do qual derivam todas as coisas boas da vida. Mas, numa sociedade destas, a maioria das pessoas têm pouco a dizer sobre a configuração da sociedade em que vivem e pouco poder de participação. Os líderes políticos e as instituições tornam-se meros «ponta-de-lança» de políticas decididas longe, por empresas transnacionais, É verdade que a esperança de vida, em média, cresceu mais nos últimos 50 anos do que nos anteriores 4000; a competição nos transportes e nas comunicações facilitou imensamente as nossas vidas. Contudo, ao mesmo tempo, a diferença entre ricos e pobres está a aumentar, existem 360 multimilionários no mundo, cuja riqueza conjunta é igual à soma do rendimento de 2,5 mil milhões de pobres. Que estrutura permite e justifica tamanha disparidade de riqueza? Joao Filho é professor eventual da rede publica de São Paulo e pos graduando em metodologia do ensino de filosofia.

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