22 de abr. de 2011

A Rede Social: Metáfora de tempos impessoais

Em cartaz no Brasil, o novo filme do cineasta David Fincher (Seven; Clube da Luta) traz a história por trás da criação do site facebook, fenômeno de popularidade na internet com mais de 500 milhões de usuários cadastrados em todo o mundo. Desde a sua popularização mais intensa, a partir de meados dos anos 1990, a internet tem sido terreno fértil para muitas inovações tecnológicas, tendo gerado, inclusive, uma bolha de crescimento que abalou a economia ao esturar, em 2001. O mercado das empresas “.com” nunca mais foi o mesmo e muitas empresas não voltaram ainda ao patamar anterior, mesmo com o significativo crescimento da economia geral desde então. Contudo, algumas histórias de sucesso aconteceram da crise de 2001 para cá, e uma das mais impressionantes delas é o facebook. Criado a partir de um mural de fotos dos alunos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o facebook encontrou amplo espaço para se expandir na onda das redes sociais. Pessoas de todos os lugares do mundo podem aparecer online, encontrar amigos e participar de grupos, mesmo quando as condições sociais são ruins, como um trecho do filme chega a dizer, ironicamente, sobre a Bósnia: “Eles não tem nem estradas lá, mas tem facebook”. O filme mostra com muita competência o ambiente por trás do surgimento do site, a começar do “nerd” criador Mark Zuckerberg (interpretado por Jesse Eisenberg). Típico jovem desajustado com pessoas, mas à vontade com o computador, Zuckeberg inicia sua escalada ao ser deixado pela sensata namorada, que o vê como ele de fato é, uma criança grande. Infelizmente, praticamente todos ao seu redor são assim ou pior, como é o caso dos irmãos Winklevoss, com o sério agravante de serem, eles dois, pretensiosos filhos de milionários. A educação privada nos EUA, imensa maioria do sistema, se por um lado mantem o padrão de excelência de uma Harvard ou de um MIT, por outro sustenta essa aberrração elitista dos trotes, das brincadeiras xenófobas, dos clubes reservados e das redomas de poder que aparecem, pontualmente, ao longo do filme. Os litígios da trama, então, tomam corpo quando os irmãos Winklevoos acusam Zuckerberg de roubar sua ideia a partir de um trabalho que eles deveriam desenvolver em conjunto, um site a princípio somente para os alunos de Harvard, enquanto o facebook segue sendo considerado a “nova onda” e se expande por várias outras universidades, a ponto de atrair Sean Parker (Justin Timberlake), criador de outro site importante, o Napster, que sacudiu a indústria fonográfica ao abrir as portas para o download gratuito de músicas pela internet. A influência de Parker, com sua afetação esnobe e sua ausência de moralidade, leva Zuckerberg a se distanciar de seu único amigo e cofundador do facebook, Eduardo Saverin (Andrew Garfield). A competente direção de Fincher consegue tornar interessante algo que, de outra forma, poderia ser classificado como terrível, principalmente quando se percebe o quão impessoal, frio e distante tudo nessa história nos reflete. Um site de relacionamento criado por um rapaz em busca da atenção da sua namorada, sem sucesso algum, que deriva para disputas judiciais complexas, envoltas em manobras e pontilhada por uma atmosfera de isolamento. Triste, mas verdadeiro. TEXTO:Rodrigo Baldin

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