24 de out. de 2008

A CRISE MUNDIAL

Primeiro, vamos lembrar a crise imobiliária nos Estados Unidos, causada por milhões de pessoas que tomaram empréstimos para construção de casas populares, chamadas sub-prime, e em seguida não tiveram dinheiro para pagar. O “rombo” foi passando de bancos menores para bancos maiores. Os maiores compravam os programas imobiliários dos bancos menores, puxando para si a responsabilidade pelo recebimento das dívidas, ou pelo possível calote dos devedores. Nos últimos anos, com a alta dos preços de imóveis nos Estados Unidos e a alta liquidez (dinheiro disponível para empréstimos) no mercado internacional, os bancos e financeiras norte-americanos começaram a emprestar mais dinheiro para que pessoas com histórico de crédito considerado ruim comprassem casas. Antes, só tinham acesso a essas hipotecas credores com bom histórico de pagamento de empréstimos e renda comprovada, Além das hipotecas terem risco maior devido ao perfil dos tomadores de crédito, muitos dos quais já em serviços de proteção de crédito, os bancos também passaram a fazer empréstimos não-tradicionais, com juros mais baixos nos primeiros anos do contrato (depois reajustados para taxas mais altas) e prestações iniciais só com o pagamento dos juros. Ai comeca a quebradeira de grandes e tradicionais bancos de investimentos dos Estados Unidos que provocou quedas históricas nas ações negociadas nas bolsas em todo o planeta. O governo norte-americano interveio fortemente nos mercados para salvar banqueiros e investidores. Já não há qualquer dúvida de que a crise internacional afetará seriamente o Brasil. Também já não restam dúvidas sobre de qual o lado estará o governo numa conjuntura de aprofundamento dessa crise.Nesse dia 22 de outubro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciaram um conjunto de medidas emergenciais tomadas pelo governo para conter a crise,o governo na prática editou um verdadeiro pacote de ajuda financeira aos bancos em dificuldades e empresas. O principal ponto do pacote está na Medida Provisória 443. Ela permite que os principais bancos estatais, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprem ações de instituições em dificuldades, medida similar à adotada recentemente pelo governo britânico para salvar os bancos da Inglaterra. A MP possibilita ao governo comprar participações de instituições como empresas de seguros, previdência e capitalização, possibilidade antes restrita a bancos privados. No anúncio do pacote, Mantega se esforçou em afirmar que nenhum banco brasileiro está quebrando. As medidas seriam, desta forma, uma maneira de resguardar os bancos no caso de um aprofundamento da crise internacional. Na prática o pacote dá o poder ao governo de transferir recursos públicos para garantir a sobrevivência e os lucros dos bancos. Longe de ser uma estatização do sistema financeiro, a medida se assemelha mais a um Proer do governo FHC, o programa de ajuda aos bancos implementado de 1995 a 1997. O Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro foi adotado para salvar os bancos que tinham na inflação sua principal fonte de lucros. Só para se ter uma idéia, o total do programa de FHC custou R$20 bilhões. Valor inferior aos R$ 160 bilhões liberados recentemente pelo governo Lula ao sistema financeiro. A crise joga por terra o lixo que tomou conta do pensamento econômico e político nos últimos trinta anos, a ideologia neoliberal, que o Estado deve intervir menos na economia mas isso muda quando chega a hora de salvar grandes empresas privadas o estado sempre ajudou os grandes empresários a concentrar capital e escapar das crises. Poderia ser uma nova perspectiva de vida para os oprimidos de todo o mundo mas é claro que os defensores do capitalismo vão tratar de reformá-lo para que siga dando as cartas afinal, será preciso que as pessoas voltem a acreditar na suposta força do mercado. Agora é hora de retomar o debate socialismo x capitalismo. A “vitória definitiva do capitalismo” está caindo ao chão, junto com os índices das bolsas de todo o mundo. João Filho Professor da Rede Pública de São Paulo e pos graduando em estudo de filosofia e sociologia (Ftc Ead).

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