2 de nov. de 2008

Furacão Sobre as Américas

ESCOLHA CHOCANTEMENTE IRRESPONSÁVEL por LUIZ CARLOS AZENHA O título acima nem é nosso, mas extraído de editorial do New York Times, ao avaliar a escolha de Sarah Palin, governadora do inexpressivo Alasca, como vice-presidente na chapa do republicano John McCain. Depo is de ler o texto abaixo, temos de concordar e temer po r uma hipótese: eleita a chapa, em eventual e possível impedimento de McCain por razões de saúde, a América cair nas mãos da despreparada e imprevisível Sarah, que se diz um pittbull e acredita que, em nome de Deus, seu país pode tudo. Até nos invadir. O âncora da rede de televisão ABC, Charles Gibson, perguntou: “Você concorda com a doutrina Bush?” A candidata a vice-presidente dos Estados Unidos na chapa republicana, Sarah Palin, levou longos três segundos para responder com uma pergunta, adotando a clássica tática dos políticos para ganhar tempo: “Em que aspecto, Charlie?” Ficou claro que ela não sabia do que o entrevistador estava falando. Os republicanos não se intimidaram. Escrevendo no Washington Post, Charles Krauthammer argumentou que não existe uma, mas várias doutrinas Bush, atribuiu a ignorância a Gibson e disse que o âncora “capturou perfeitamente o esnobismo e a condescendência intelectual do establishment, que tem caracterizado a reação das ‘classes falantes’ à mãe de cinco filhos que tem a presunção de disputar com elas o palco”. Se não serviu para justificar Palin, a argumentação de Krauthammer é reveladora de uma estratégia: os republicanos mais uma vez buscam explorar o ressentimento de classe e o antiintelectualismo em uma campanha eleitoral. É Palin, a “mãe de cinco filhos”, contra Obama, “a celebridade” de nariz em pé. POR QUEM OS SINOS DOBRAM ou O MONSTRO NÃO MORREU, MAS AGONIZA Todas as crises do momento, especialmente nas Américas, mais especialmente ainda no colosso do norte, são sintomas do mesmo fenômeno: a impossibilidade da ordem mundial neoliberal. por JOSÉ ARBEX JR. O FED (Banco Central dos Estados Unidos) destinou, até o dia 18 de setembro, a bagatela de 1 trilhão de dólares (cerca de 10% do PIB do país) à estatização de bancos e seguradoras falidos, com o objetivo de evitar uma quebradeira generalizada, à semelhança da que aconteceu em 1929. E trata-se mesmo de estatização: em troca dos empréstimos em caráter de emergência, as empresas cedem ao Estado o controle de uma parte de seu capital (no caso da maior seguradora do mundo, a AIG, à qual é associado o Unibanco, o Estado ficou com 80% da empresa, por um empréstimo de 85 bilhões de dólares). Há uma profunda ironia no fato de que a aprovação desse processo coube ao raivoso neoconservador George Bush, o mesmo que, em nome dos princípios neoliberais, não quis mobilizar os recursos do Estado para salvar as vítimas do Katrina, em Nova Orleãs. Salvar vidas, especialmente de negros e pobres, não pode, mas salvar empresas sim. Pois é. A crise atual (ou melhor, os sinais atuais de uma crise que se anuncia há tempos) começou em meados de 2007, com o estouro das hipotecas impagáveis nos Estados Unidos, e já provocou prejuízos de US$ 3,56 trilhões nas bolsas de valores do continente americano. Estima-se que o valor de mercado das companhias despencou 19%, de 18,32 trilhões para 14,76 trilhões de dólares. As empresas negociadas na bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) foram as que mais perderam, em termos porcentuais (28%). E não há sinais de estabilidade à frente. Alarmados, com toda razão, os seis maiores bancos centrais do mundo – Estados Unidos, União Européia, Suíça, Canadá, Japão e Reino Unido – somaram esforços para criar um fundo comum, para enfrentar a “falta de liquidez” (eufemismo para falência) das grandes corporações. Há uma percepção generalizada de que a crise ainda está no início, como, aliás, admite Alan Greenspan, o todo-poderoso chefe do FED durante as décadas de 80 e 90, e poderá adquirir contornos inimagináveis. A panela de pressão apenas começou a acionar o apito. RETIRADO DA REVISTA CAROS AMIGOS.

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