27 de dez. de 2008

A origem e o desenvolvimento do conflito entre israelenses e palestinos

O conflito israelense-palestino é um dos mais complexos do cenário internacional e a principal chave da instabilidade da região do Oriente Médio. O território conhecido como Palestina é motivo de uma disputa há mais de um século, sendo que a criação do Estado Sionista de Israel em 1948, ampliou esse conflito, abortando o nascimento do Estado Árabe Palestino. Neste conflito se combinam diversos elementos. Tudo começou como uma disputa pelo território entre dois movimentos nacionais com diferentes projetos, provocando a intromissão das potências durante a Guerra Fria, e com o tempo envolveu outros atores regionais, ocasionando conflitos bélicos, tornando-se cada vez mais complicado, ao mesclar elementos ideológicos, religiosos e a disputa pelos escassos recursos naturais da região. Com o passar dos anos, o enfrentamento entre essas duas forças desiguais - O Estado sionista de Israel e um movimento de libertação nacional, encarnado pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) – se intensificaram. Esta desigualdade permitiu que Israel ocupasse o território que serviria de base para a formação do Estado Palestino, mantendo sob o controle militar a população palestina árabe e revogando seus direitos fundamentais. A ocupação de Gaza e da Cisjordânia valeu a Israel uma condenação por parte da comunidade internacional, ainda que essa tenha sido bastante tímida. Os inícios dos conflitos remontam ao período colonial e ao surgimento dos movimentos nacionalistas na Europa e no Oriente Médio. No final do século XIX, nas provincias árabes do império Otomano, foram se desenvolvendo movimentos revolucionários nacionalistas que reivindicavam a autodeterminação da população, fazendo valer sua identidade árabe. Na Europa, já na fase de decadência do imperialismo e sob o calor do nacionalismo, foi articulado um movimento singular; o Sionismo. Esse movimento propunha a criação de uma entidade estatal para os judeus dispersos pelo mundo. O sionismo via na Palestina, terra onde foi fundado o judaísmo, o lugar ideal para realizar seu projeto nacional. Desde princípios do século XX, este movimento proporcionava a instalação de judeus vindos da Europa nesse território. Esta imigração tomou envergadura sob o mandato britânico, entre 1920 e 1948. Esse sistema foi estabelecido pela Sociedade das Nações que concedeu aos países vitoriosos da primeira guerra o controle das colônias dos países derrotados, sob a justificativa de preparar sua “independência”. No entanto, outras províncias otomanas da região foram alcançando paulatinamente sua independência, a disputa palestina seguiu sob o controle colonial, os dois projetos nacionais, o árabe palestino e o sionista, se chocaram quando a comunidade judaica intensificou imigração, criando instituições autônomas e desenvolvendo práticas excludentes e discriminatórias sobre os povos árabes. Pouco a pouco foi crescendo uma espiral de violência entre árabes e sionistas (entre 1936 e 1939 ocorreram importantes revoltas árabes revolucionárias, contra a ocupação britânica e contra os movimentos terroristas sionistas). Depois da segunda Guerra Mundial e diante da iminente retirada britânica, as Nações Unidas (ONU) adotaram a resolução 181 (novembro de 1947) criando dois Estados. Essa medida entregava aos sionistas 56,47% do território da região, e somente 47,53% para o Estado Árabe Palestino. Este plano foi rechaçado pelos árabes, pois aos seus olhos tal plano legalizava os planos coloniais pretendidos pelos sionistas. Em maio de 1948, a comunidade judaica fez uma declaração unilateral de independência do Estado Sionista de Israel. A atitude desencadeou a intervenção militar dos Estados Árabes vizinhos em apoio aos palestinos. Os exércitos árabes em poucas horas estavam tomando o controle de grande parte do território palestino, o exército iraquiano chegou até Tel Aviv. Entretanto, essa oportunidade histórica de derrotar o estado sionista foi perdida porque países árabes que participaram da guerra (Jordânia, Egito e Síria) aceitaram uma proposta de trégua e a intervenção da ONU na região. O único país árabe a recusar esse acordo foi o Líbano que continuou com seus exércitos combatendo na frente norte da Palestina. Em três semanas o recém estado Sionista, começou a trazer dos países capitalistas europeus mais armamentos e aviões militares e iniciou o treinamento de pilotos na Europa, que ofereceu todo o seu apoio ao estado Sionista. Israel ainda ganhou apoio e simpatia oferecida pelo ditador soviético Stálin. Isso não levou apenas a saída dos exércitos árabes, mas provocou também a saída de grande parte da população palestina que abandonavam seus territórios, ampliado a extensão do território israelense muito mais do que o previsto em seu plano inicial. Israel se aproveitou ainda da desarticulação da sociedade palestina provocada pelo êxodo da guerra. Os movimentos terroristas nazi-sionistas cometeram massacres, roubos, contra o povo palestino. Depois da intervenção da ONU, legitimando a ocupação sionista, os territórios de Gaza e Cisjordânia ficaram sob o controle de Egito e da Jordânia, e Jerusalém foi dividida, o que frustrou o sonho de criação de um Estado árabe palestino. O novo Estado Sionista de Israel se alinhou prontamente com as potencias européias frente ao nacionalismo árabe (Guerra pela nacionalização do Canal de Suez em 1956), ganhando apoio político, econômico e militar. Quando Israel avaliou que estava mais fortalecido do que nunca, um novo capitulo dessa trágica história foi aberto. Em 1967, Israel, por motivos de segurança nacional, e pela necessidade de controlar recursos naturais como o controle da água, desencadeia uma ofensiva militar ocupando as colinas de Golan na Síria, a península do Sinai egípcio e os territórios palestinos em Gaza e na Cisjordânia controlando definitivamente da totalidade do território palestino. Por Darwich Al Mahdy, da direção da União da Juventude Árabe para América Latina (UJAAL)-Bolívia Desde essa data então, a Cisjordânia e a faixa de Gaza, se tornam partes do território palestino, sob ocupação militar israelense. Este regime impôs um estado de exceção permanente, a perseguição de todos os nacionalistas palestinos, apropriação de seus recursos naturais (terras e água), a gradual expropriação de terras para instalação de colonos judeus em (1997 foram instalados mais de 150 mil colonos na faixa de Gaza e na Cisjordânia e outros 170 mil em Jerusalém), enfim a total subordinação da economia palestina ao estado de Israel. Durante as primeiras décadas, Israel se consolidou como Estado e promoveu a instalação massiva de judeus na região. Dispersos entre vários países e divididos internamente a atuação dos palestinos foi limitada a alguns enfrentamentos pouco eficazes contra Israel. Mas a partir de 1964 começou a crescer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A oposição palestina foi se reorganizando no exterior. Durante os anos 1970 y 1980, a OLP recompôs o tecido nacional palestino. A OLP combinou a ação diplomática com a luta armada para libertar o território palestino ocupado, porém lentamente a OLP foi aceitando a fórmula da divisão territorial entre árabes e palestinos sob a condição da livre determinação e o direito de dispor de um estado soberano que assegurasse o retorno dos refugiados. Frente à intransigência de Israel e o contínuo apoio de seus aliados externos, nem a via diplomática nem a luta armada deram resultados. No final do ano de 1987 foi desencadeado um levante popular palestino na Cisjordânia e na faixa de Gaza. A Intifada, como ficou conhecido o levante, envolveu um amplo movimento de luta que rechaçava a ocupação provocando uma imensa comoção internacional e revelando a verdadeira face da ocupação israelense. No calor da revolta, em junho de 1988, a Jordânia rompeu seus vínculos administrativos com a Cisjordânia. Em novembro o conselho nacional palestino (parlamento no exílio) declarou o Estado de Palestina. A situação se tornou cada vez mais insustentável para Israel, que continuava resistindo a qualquer mudança de política. No entanto, a Intifada somada a guerra do golfo obrigaram Israel a iniciarem um processo de negociação tutelado pelos EUA. Mas as negociações e o processo de paz não sobreviveram muito, provando definitivamente que Israel é um estado que não pode viver em paz com seus vizinhos

5 comentários:

Unknown disse...

Obrigado por seguir o meu blog!
Parabens pelo seu!

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ANANIAS disse...

Venho agradecer seu comentário em meu blog, obrigado e volte sempre.
Em relação ao post, fico me perguntando: Quanto será que o povo do Oriente Médio vai viver em PAZ?
Difícil de responder.
Grande abraço.

Paula Pereira disse...

Olá, adorei conhecer seu blog.
Bom fim de semana.

maria disse...

oi , pessoal muito obrigado por cada comentário.

Victor S. Gomez disse...

Escrevi algo sobre esse problema em meu blog, "Exija o Cessar-Fogo em Gaza", é bastante interessante. Coloquei um link para um abaixo assinado lá, se interessar de uma olhada. Abraços

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