8 de ago. de 2009

SOCIALISMO/REAL

O desejo de viver uma existência filosófica significa admitir que as questões são interiores à nossa vida e à nossa história e que elas tecem nosso pensamento e nossa ação. Significa também uma relação com o outro na forma do diálogo e, portanto, como encontro generoso, mas também como combate sem trégua. Encontro generoso porque, como nos diz Merleau-Ponty, no diálogo somos libertados de nós mesmos, descobrimos nossas palavras e nossas idéias graças à palavra e ao pensamento de outrem que não nos ameaça e sim nos leva para longe de nós mesmos para que possamos retornar a nós mesmos(Chaui: 2001). O que é um mito?. Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.) Existem heróis e heróis. Se existe algo que me irrita profundamente é o jeito sem cerimônias com que o mestre-de-cerimônia do Big Brother Brasil saúda aquela penca de jovens – mais um ou dois da terceira idade – confinados na casa montada pela TV Globo no Rio de Janeiro: "Boa noite, meus heróis!" De tanto usada, a frase virou bordão do BBB. Seu autor? O jornalista e dublê de guru do programa, Pedro Bial. Ora, o que há de heroísmo em um programa que, longe de agregar conhecimento, é um poço de futilidades onde quanto mais se escava mais há para se escavar? 15 ou 16 pessoas vendendo sua intimidade, seus pensamentos e corpos, hábitos e sotaques, expondo-se ao ridículo em centenas de situações, muitas destas de gosto profundamente duvidoso, tudo em troca de prêmios avulsos ou do prêmio maior de R$ 1.000.000.00. Repito, o que há de heroísmo nisso?. Mas isso ?já passou?, agora a tentativa é tornar medalhistas com resultados apenas razoaveis( considero assim pois o Brasil se tivesse estrutura poderia formar cidadãos que quisessem praticar esporte em vencedores-tomara que consciente da miséria concreta do páis como um todo).O brasileiro foi e voltou na piscina do Foro Itálico para bater o recorde mundial da prova e garantir o primeiro ouro do país no Mundial de Esportes Aquáticos, em Roma.Na cerimônia de premiação, Cielo subiu no palanque branco com um largo sorriso no rosto. Abraçou os franceses Alain Bernard e Frederick Bousquet, que completavam o pódio, e recebeu sua histórica medalha de ouro. Cantou o Hino Nacional até a metade, e a partir dali se dedicou à missão de segurar o choro. Foi por pouco tempo. Quem chora por seu país, enquanto na quarta-feira (5), o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Paulo Duque (PMDB-RJ), rejeitou as sete acusações restantes contra o presidente do Senado, José Sarney: quatro representações e três denúncias. Na quarta-feira, ele já havia arquivado quatro acusações contra Sarney, além de uma contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Naquele mesmo dia, o presidente do Senado apresentou sua defesa em Plenário, negando ter cometido qualquer irregularidade. É claro que a mídia burguesa, agora na tentativa de rever toda sua falta de ética, até por que também defende outro lado das oligarquias do país(PSDB E DEM)não tem moral real ou filosófica patinan ao não questionar do mesmo modo práticas corruptas como as do senador Artur Virgilio. Penso no sul-africano Nelson Mandela, que passou 30 anos – mais que um terço de sua vida – preso nos calabouços das prisões sul-africanas por se opor ao regime do apartheid. Mandela sabia estar diante de uma das mais terríveis iniqüidades que um ser humano poderia cometer contra um seu semelhante: a superioridade afirmada de forma violenta com base na cor da pele. Quem, senão a coragem, pode acalentar um homem preso durante três décadas? Kofi Annan, sobre ele escreveu: "Se estivermos à altura de uma pequena parte do que Mandela é, o mundo será um lugar melhor." Reconheço, meio a contragosto, que todos os heróis são espelhos do mundo e da sociedade em que vivem. Os heróis da industria cultural espelham o mundo da futilidade, o hedonismo, o império dos sentidos humanos, a interação quase total entre os espaços público e privado. Meus heróis espelham o mundo dos ideais, dos valores humanos, do desprendimento e do amor à espécie humana. Os heróis da industria do consumo lutam pelo prêmio financeiro e pelas conseqüências advindas de contratos pecuniários no mundo artístico. Meus heróis lutaram por aquilo em que acreditavam e sua recompensa era tão somente o sentimento de possuírem consciências tranqüilas, tanto que o mito do herói não foi por eles desfrutado: morreram em si para darem vida ao herói que neles subsistia.Che Guevara,José Martí,Gabriel García Márquez,Pablo Neruda,Milton Santos etc etc. Jõao Filho. Professor de história na rede pública de São Paulo- Pós graduado em met. do ens. de filosofia.

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