24 de ago. de 2009

Este comentário versará falar sob a educação numa perspectiva do pensamento de Paulo Freire analisando a frase "Ninguém educa a ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.”Farei uma breve reflexão do pensamento de Paulo Freire em contra-posição ao ao ideal de Kant levando em conta o momento histórico e o contexto de cada obra. A FAVOR A busca pela educação ideal é representada por Platão na metáfora da “alegoria da caverna”, no momento em que um dos homens presos no fundo de uma caverna consegue se libertar do conhecimento da doxa, enxergando a luz da verdadeira realidade, e nessa expectativa, a educação acabou tornando-se objeto de estudos e reflexão da filosofia desde os tempos gregos. Entretanto, a filosofia da educação dos últimos tempos, procurou transcender seus limites conceituais, aventurando-se nas discussões filosóficas contemporâneas que propiciam a articulação entre diferentes perspectivas. A luta pelo direito do ser humano, pela afirmação dos homens como pessoas, só é possível porque a desumanização não é um destino dado, mas resultado de uma \"ordem\" injusta que gera a violência dos opressores. Mas essa luta só tem sentido quando o ser humano ao buscar sua humanidade, não se sinta também um opressor, mas sim um reconquistador da humanidade. A educação problematizadora que liberta, onde o homem educa a si mesmo só é possível onde o professor ao invés de sobrepor aos discentes e continuar mantendo-os como quase \"coisas\", com eles estabelecem uma relação dialógica. Ao alcançarem, na práxis este saber da realidade, se descobrem como seus refazedores permanentes. Portanto, a presença dos oprimidos na busca de sua libertação, mais que pseudopartici- pação ,é o que dever ser: engajamento. Portanto a prática só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua história. Assim, o sentido mais exato da alfabetização de Paulo Freire seria: aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se e historizar-se. . CONTRA A tarefa central da educação é orientar um ser que não pode ser conhecido por não ter essência determinada, e que, por isso, pode tomar diferentes direções, o homem é livre e por isso ele pode ser educado. Mas, a liberdade está inclinada para o bem ou para o mal? Kant não fala em uma natureza humana exatamente má, mas o homem não nasce isento de vícios. No entanto, ao mesmo tempo em que nasce com disposição para seguir impulsos, vícios, o homem nasce com a lei moral dentro de si. Em Sobre a Pedagogia afirma: \"A única causa do mal consiste em não submeter a natureza a normas. No homem não há germes senão para o bem\" (KANT, 1996b, p. 24). Com isso quis dizer que não pode se afirmar no homem uma vontade, uma razão praticamente legisladora que desejasse o mal. Então, considerando seu caráter inteligível, a humanidade é integralmente boa. Cabe ao homem optar por guiar-se pela sua razão ou não. Mas ele será autônomo na condição de guiar-se pela razão, por isso a educação deve objetivar a racionalidade, isso porque o ser racional pode promulgar para si a lei universal e assim, ser autônomo. Já que o homem não nasce determinado para o bem ou para o mal, Kant propõe uma educação como aprendizagem do exercício das regras no plano teórico e prático. A educação, sob tais princípios, mostra, no seu percurso histórico, seus paradoxos entre educar para autonomia e a liberdade e o educar como forma de controle dos instintos e paixões individuais. Decidir sobre quais as atitudes mais apropriadas, fazer escolhas entre o que julga ser certo ou errado, é manifestações especificamente humanas decorrentes de um processo de formação. O entender-se um com o outro, reconhecendo as diferenças a partir de sua identidade, torna-se um desafio ao fazer pedagógico. Nota-se que o aspecto mais importante na filosofia da educação kantiana é a moralidade e que, por conta disso, está pressuposta nesta concepção a ensinabilidade da virtude. A virtude não só pode, como deve ser ensinada. Segundo Cambi (1999, p. 362), o objetivo da educação, para Kant, é “transformar a animalidade em humanidade”pelo desenvolvimento da razão; tal objetivo porém, não se atinge “por instinto”, mas somente pela “ajuda de outrem CONCLUSÃO Kant vivenciou algumas conseqüências das transformações históricas, e a primeira delas foi a Reforma Religiosa de Martinho Lutero (1483-1546), porque a Alemanha foi muito influenciada por esse movimento reformador. Ele teve uma formação rígida luterana. Para ele, a Reforma teve um significado educativo, e defendia uma educação humanista, igualitária e moral. Para Kant, o dever do homem é produzir em si a moralidade. É através da educação que o homem se liberta do estado de selvageria e atinge sua verdadeira humanidade. A liberdade é a possibilidade que o homem tem de decidir por si mesmo. O homem só é livre quando se submete à lei moral por sua livre e espontânea vontade, ou seja, quando sua vontade se volta exclusivamente para o cumprimento do dever. Liberdade, para Kant, conquista-se no exercício de determinar a própria vontade, através da disciplina e do autocontrole. A conquista da liberdade se dá através do exercício do autocontrole e da autodisciplina, determinando-se a vontade no sentido do cumprimento do dever, da lei moral. Deve-se levar em conta O período vivido por Kant (1724-1804) que encontrou dificuldades para discussão sobre educação por que: A história da pedagogia no sentido próprio nasceu entre os séculos XVIII e XIX e desenvolveu-se no decorrer deste último como pesquisas elaboradas por pessoas ligadas à escola, empenhadas na organização de uma instituição cada vez mais central na sociedade moderna (para formar técnicos e para formar cidadãos), preocupadas portanto, em sublinhar os aspectos mais atuais da educação-instrução e as idéias mestras que haviam guiado seu desenvolvimento histórico. A educação defende como formação do homem, amadurecimento do indivíduo, consecução da sua formação completa ou perfeita ( CAMBI, 1999, p.21). O contexto da obra de Paulo Freire se dá numa visão da sociedade brasileira em trânsito para a modernização”(1950 à 1960) e um posicionamento implícito na disputa pelo poder político entre as forças agro-comercial e urbano-industrial (em favor da segunda), A problemática da difusão de uma “ideologia da consciência nacional” ganha destaque quando Freire diz que “é preciso é aumentar o grau de consciência (do povo) dos problemas de seu tempo e de seu espaço. É (preciso) dar-lhe uma ideologia do desenvolvimento”. A definição de prática em Paulo Freire está baseada inicialmente na dialética hegeliana da relação entre \"consciência servil\" e \"consciência do senhor\", ampliada para a conceituação de práxis colocada por Marx, referindo-se à relação subjetividade-objetividade. Para tanto, Freire diz que é necessário não só conhecer o mundo, é preciso transformá-lo, o que coincide com Marx. Isto é significativo, visto que conhecer em Freire não é um ato passivo do homem frente ao mundo, é antes de tudo conscientização, envolve intercomunicação, intersubjetividade, que pressupõe a educação dos homens entre si mediatizados pelo mundo, tanto da natureza como da cultura. Então, a prática não pode ater-se à leitura descontextualizada do mundo, ao contrário, vincula o homem nessa busca consciente de ser, estar e agir no mundo num processo que se faz único e dinâmico, melhor dizendo, é apropriar-se da prática dando sentido à teoria. Sobre essa conceituação assim se expressa Freire \"[...] a práxis, porém, é ação e reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo\" (1983, p.40). Portanto, a função da prática é a de agir sobre o mundo para transformá-lo. Paulo Freire aponta para a comunicação, como princípio que transforma o homem em sujeito de sua própria história através de uma relação dialética vivida na sua inserção na natureza e na cultura, diferenciando-o dos outros animais. Esse processo de integração interativa é significativo quando vinculado ao diálogo que contém no seu cerne ação e reflexão, levando o homem a novos níveis de consciência e, conseqüentemente, a novas formas de ação Freire define essa postura como ética e defende a idéia de que o educador deve buscar essa ética, a qual chama de \"ética universal do ser humano\"(p. 16), essencial para o trabalho docente. \"não há docência sem discência\" (p. 23), (p. 23), pois \"quem forma se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado\" (p.25). Dessa forma, fica claro que o ensino não depende exclusivamente do professor, assim como aprendizagem não é algo apenas de aluno. \"Não há docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender\" João Filho- Professor eventual da rede pública de São Paulo. Graduado em história e pós graduando em met. ensino de filosofia. (p. 25). Bibliografia: Freire, Paulo 1984 [b] Pedagogia do oprimido (Rio de Janeiro: Paz e Terra). Freie, Paulo 1992 Pedagogia da esperança (São Paulo: Cortez). Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.. KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia. Trtsd. Francisco Cock Fontanella. 4ª Ed.Piracicaba: Editora UNIMEP, 2004 KANT, Immanuel. A Metafísica dos Costumes. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro,2003 --------------------------------------------------------------------------------

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